Era uma vez uma antiga cigarra chamada AM que vivia na verde mata. Embora guardasse a beleza em seu canto, na atualidade parecia não conseguir mais a empatia de outros tempos.
Hoje, uma dessas cigarras recebeu apelo de uma carente formiguinha, necessitada da solidária ajuda de um ser da mata que lhe doasse generosamente uma folha, para um hospitalar repouso em seus dias de sofrência. Queria que a cigarra irradiasse ao mundo o seu apelo.
Ouviu-se a cigarra chiar, chiar, chiar, chiar aquele pedido, mas não conseguia o intento. Um inconsequente grilo juntou sua voz à dela. E exagerou na dose ao pedir de forma piegas, a pronta resposta do público.
O grilo estrilou o máximo possível, fez de conta que chorava. Clamou aos céus os recursos divinos, cobrou ao deus da mata e aos santos duendes para influenciar a audiência - e, mesmo assim, a floresta parecia impassível.
Depois de longos e ininterruptos 45 minutos, conseguiu-se levantar a grana para a compra do objeto em vista. Ouviu-se, então, um troar de loas, vivas e aleluias - a floresta, finalmente, respondera com um 'milagre'.
Noutros tempos, quem diria, dona cigarra AM já fora mais poderosa. Sua força era inigualável. Seu canto calava a mata. Bastava um pequeno chilrear seu para que, rapidamente, os bichos todos se solidarizassem.
Nos dias atuais, ela própria reconhecia conviver com uma grande crise. Crise de credibilidade. Da perda de audiência. Da falta de criatividade. Afinal, a mata inteira têm ouvidos atualmente para outros cantos e interesses. E a sua comunicação está defasada.
'Não seria o caso de a cigarra reciclar-se', é o que no fundo da mata interrogou uma ave sábia que vivia corujando a AM.
MORAL DA HISTÓRIA: o rádio já foi usado de forma mais respeitosa.