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Aparecida Silvino faz hoje às 19h30min na livraria Cultura, da Dom Luis com Virgílio Távora, o lançamento do seu novo CD "Sinal de Cais". Um trabalho autoral onde divide algumas canções com parceiros que se alinham com o nível de qualidade do seu canto. Surpresa: ela me convidou para apresentação do disco. Honra e susto. Honrado, porque considero atitude só tomada por aqueles que dividem conosco essa sagrada fatia do bolo da vida que se chama amizade. Susto: porque ela é muito além do que as minhas palavras podem alcançá-la. Escrevi um texto que divido com meus leitores
Antes
de mais tudo, dizer que nada me honra tanto quanto convite da Aparecida
para saudá-la neste lançamento. A escolha, provavelmente, se deva a
essa sagrada fatia do bolo da vida que a gente degusta e que se chama
amizade.
Quando
ela me fez o convite, à princípio relutei em dizer sim. Mas como
responder não, a quem te situa no mesmo espaço do coração de onde brotam
tantas luzes em forma de música?
A
poesia de Aparecida magnifica a gente, pela beleza de ser dulcíssima
forma de revelar a nós, a alma gentil da compositora e o encanto de
sagrar à uma técnica vocal apuradíssima – coisa incomum aos ouvidos
nossos nesse cotidiano de tantos ruídos.
Sua
música borda pontos de luz numa peça de rara beleza, como a capa do CD –
expressivamente belo -. Apá tece e alinhava cores, natureza, sol, Lua,
estrela, céu, chuva, mar, tempo. A singularidade de quem sabe ser o Amor
o ‘leit motiv’ de tudo.
Essa menina-mulher que se nutre de poesia, revela nesse “Sinal de Cais”, a que ponto chegou a maturidade do seu canto.
Num
mundo onde a maioria das músicas anda dissociada da beleza da poesia,
Aparecida nos felicita de um forma “soberana e sem nenhum pudor”, como
na música de abertura.
Quem senão essa cearense para constar do Dicionário Cravo Albin da MPB, ao lado de grandes astros e estrelas da canção popular?
Começou
a aprender piano aos quatro anos de idade. Aprendeu a ler música antes
mesmo de aprender a ler. Entrou para o conservatório de música aos cinco
anos e se formou em piano aos 16 anos. Em 1990, mudou-se para São Paulo
e passou a estudar com Hans Joachin Koelreutter. Em 1992, viajou para
os Estados Unidos onde permaneceu por 6 meses fazendo cursos.
Que gravou o “Vidro de Aço” e o CD dedicado à mansuetude das mães. Que foi minha regente no Coral do Povo.
Essa
chegada até aqui não é feita de improviso, mas de aula, canto, encanto e
poesia. Hoje, portanto, não é qualquer dia; hoje ela faz a sua festa,
com esse lançamento, magicalizando os sonhos – como a música que venceu
um festival “Janela Aberta” – e que revela a identidade de Apá com a
dimensão da melhor harmonia.
Só os poetas mais sábios para mergulharem nessa dimensão de luz e cor, de onde colhem sons que só eles conseguem ouvir.
‘Que som é esse que vem do porto, que chega nas mãos do vento e brota através do mar”.
O
som que ela ouve na dimensão do sonho é tão incrível que ela mesma se
embriaga de encanto e se diz incapaz de eleger o instrumento que
conseguirá traduzi-lo. Como sabe que nada disso nos pertence, está na
letra de “Tempo”, ela nos ensina que não se deve discutir o belo, mas
basta apenas senti-lo, abrir a janela e deixar a vida entrar”.
Afinal, há coisas que nos fazem felizes “quando é amor”.
Aparecida
cantora, Aparecida compositora – que divide o encanto do disco com
parceiros como o saudoso Zé Rodrix – eu pensei que fosse uma parceria
mediúnica - , Gilvandro Filho, Sonekka, Pedro Mota e Zé Edu Camargo,
imprime com esse CD autoral a sua melhor marca. A marca Apá. Que não se
apa...ga nunca.
Só
pra arrematar um final: eu sempre desconfiei que a amizade que me liga a
família Silvino tem raízes bem mais anteriores a esse encontro. Não
falo desse encontro aqui da festa de lançamento. Mas de conhecimento
outros. Basta pensar que almas geminadas pelo canto se reúnem numa gleba
consangüínea e resolvem farturar (de fartura) frutos que nos chegam
pelo porto chamado Vida. E hoje aqui, eu e todos nós temos um sinal. Um sinal de cais. Um sinal de paz. Um sinal de apaziguar a paz. Apá – a que rima com vida. Aparecida. E esse momento é marcante.
"HOJE É SEMPRE UM OUTRO DIA PRA APROVEITAR A ALEGRIA DE PODER SENTIR SAUDADE". (Versos de Aparecida Silvino)