Que destino curioso esse do povo brasileiro de ser sempre mais solidário na dor? Hoje, ambientamos esse sentimento com o fim da experiência física do político Eduardo Campos. De repente, a notícia nos impacta. A tristeza federaliza-se. O sentimento de perda avulta-se. Baixamos a nossa crista e nos sentimos perplexamente pequenos diante da Vida. É quando, também, esquecemos as nossas diferenças e nos unimos em pensamento para lamentar mais um sobressalto dessa 'irmã' chamada morte.
Já vivenciamos isso com a perda intempestiva de Tancredo Neves, num momento em que a Nação buscava se afirmar em um outro patamar de sua vida política. O sumiço literal de Ulysses Guimarães, ainda hoje nos deixa perplexos, diante do fato de que o corpo do fundador do PMDB, nunca mais foi localizado.
Astros da música e do esporte, repentinamente, são arrancados de nossa convivência, a nos deixar numa inopinada orfandade. Foi assim com Clara Nunes, que entrou para uma cirurgia médica e não mais deu sinal de vida aos seus milhares de fãs. Ayrton Senna foi outra dessas sumidades da nação 'brasilis' que se apagou numa curva de Ímola, na Itália, arrancando lágrimas até de quem nunca tinha amanhecido aos domingos para ver uma corrida.
A questão da morte ainda é um tabu na sociedade moderna, apesar do conhecimento que nos últimos dois séculos aprimorou-se, via doutrinas espiritualistas. Até o cristianismo mais conservador, detém-se hoje na defesa da continuidade da vida, em planos e dimensões que escapam ao olhar humano. A Ciência tem desdobrado esforços no intuito de pesquisar esse fenômeno intrigante da morte, que mesmo sendo a coisa mais natural da vida de todos os viventes, ainda causa estupor e faz com que muitos não queiram dela tomar consciência.
Que o desencarne fulminante da figura de Eduardo Campos sirva, também, para refletir-se sobre como a vida material é fugaz, rápida, passageira. Mas que é correto, também, lembrar-se que uma vida plena nos aguarda em dimensões misteriosas, mas que são o destino de todos nós.