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sexta-feira, 7 de março de 2025

LEITURAS. "Bola da infância" de autoria de Wilton Bezerra

BOLA DA INFÂNCIA
Wilton Bezerra



Não gostava de estudar. Via cinema com entusiasmo e curiosidade. Ouvia rádio, o dia todo.
Mas, a coisa mais importante na minha infância e adolescência na cidade do Crato era o futebol. Sem concorrentes à altura.
Desde os "rachas" no estreito corredor da nossa casa, na rua Teophisto Abath.
O problema da falta de espaço nos fazia vítima de empurrões e esfregões junto às paredes. Parecia mais luta corporal do que futebol.
Bola de meia, à principio e, depois, uma feita de borracha que doía pra caramba nas "carimbadas".
A seguir, vieram as peladas em campinhos reduzidos, na base do cinco contra cinco. Aí, a bola podia até ser uma número 5 velha.
Tempo em que os meninos tinham como destino a rua e a bola. Isso, depois de cumpridos os chatos deveres de casa.
Retornávamos às nossas residencias imundos, da cabeça aos pés, e éramos recebidos com o grito da mãe: "vai tomar banho, menino !"
Como disse Romário, o mais importante é que "bricávamos a sério". Muitas vezes, o pau cantava e as coisas não eram tão pacíficas.
Depois das "disputas', a meninada se reunia à noite nos bancos da estação da RFFSA ou nas imediações do Bar Social, do Seu Chiquinho.
E aí, não precisa dizer que as discussões fantasiosas se estendiam até a hora de dormir.
Velhos tempos, belos dias da nossa infância com o futebol.

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