"O despencar de audiência, a incapacidade de conter o oportunismo, a mentira e a leviandade, a apatia em lugar de estímulo à apresentação de propostas e a mais completa incompetência para engajar o público compõem a soma de situações que, neste ano, volta a estrangular os debates entre candidatos a cargos majoritários nas emissoras de televisão.
O que deveria ser confronto de ideias foi posto novamente num beco sem saída. Tornou-se um mundo-cão sem limites, sem ética, sem verdade e sem-vergonha. Uma espécie de “espreme que sai sangue”. É a chacina da política. Quem perde tempo assistindo a troca de xingamentos é quem perde. E as cenas dos próximos capítulos?
Não se pode dizer que a finalidade dos programas é inútil. Nem de longe. O que há agora é o esgotamento do modelo. O diagnóstico é esse. É necessário que se disponham de novos modos, novas regras, caminhos diferentes para que se exponham planos, haja questionamentos e que os candidatos tratem com os eleitores de maneira transparente, adulta, com a compostura que o momento exige.
A grande estrela dos debates, no modelo atual, tem sido um sujeito já processado e condenado por fraude contra idosos no sistema bancário. Chama-se Pablo Marçal, candidato a prefeito pelo PRTB – partido que, segundo os adversários, foi tomado por interesses nada republicanos. Não só. Ele tem agora as redes sociais vetadas pela Justiça Eleitoral por manipular, pagando por isso, audiências. Marçal é, ou foi, bolsonarista convicto.
O que Pablo Marçal tem dito e feito dentro e fora dos debates em São Paulo é motivo de sobra para que já tivesse saído das emissoras num camburão da Polícia. Há uma fileiras de delitos cometidos. De injúria e difamação a confissão de crimes. Mas note-se: Marçal está desempenhando papel de destaque no assalto à democracia que começou em 2018 e obteve força incomum em 8 de janeiro de 2023."
*Roberto Maciel, Jornalista e empreendedor cultural.
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