O mistério cerca o primeiro filme estrangeiro a utilizar as belezas de Canoa Quebrada, no final da década de 60. "Le Grabuge", título original para 'Operação Tumulto', teve locações no Ceará e no Rio, até ser destruído pela empresa distribuidora, a Fox, segundo confirma o site IMDb, especializado em cinema.
No ano de 1968, eu estudava no Liceu e lia pelas páginas de O Povo, acerca das filmagens de 'Operação Tumulto'. Na época, gazeei aula para assistir o trabalho nas locações da capital. Lembro-me bem das cenas de perseguição e morte feitas na esplanada do Mucuripe. Depois, a equipe se deslocara para o interior: Canoa Quebrada e Aracati, além de locações no Rio.
O filme é de Édouard Luntz (1931-2009), cineasta que fez sucesso em Cannes com o curta "Enfants des Courants D'Air", filme sobre meninos marginais. Por causa dele, recebera convite da Fox para fazer um longa. Ele elegera o Ceará como cenário. Consta que teria alterado o roteiro original e acarretado a ira dos produtores norte-americanos. Outra versão diz que a produção desagradou os militares brasileiros que comandavam a ditadura de 64.
Estrelado por Patricia Gozzi, Calvin Lockhart (falecido em 2007), Julie Dassin (filha do cineasta Joe Dassin) e com participação dos brasileiros José Lewgoy e Zózimo Bubul, o filme teve música de Baden Powell e nunca foi exibido em nenhum lugar do mundo. O diretor chegou a ir a Justiça reclamar seus direitos, mas a produtora tomou uma atitude radical: destruiu o filme. Só existem algumas fotos de "Le Gabruge", uma tentativa do autor de trabalhar fora dos clichês de Hollywood.