O presidente Tancredo Neves não morreu no dia 21 de abril. Essa tese é levantada pelo especialista em literatura médica da Universidade de São Paulo (USP), Luis Mir, em livro que está sendo lançado sobre o caso do paciente Tancredo.
Em matéria do Diário do Comércio, intitulada “O dia em que Tancredo não morreu”, o jornalista Mário Tonocchi analisa a versão [ que, na época, eu mesmo levantei dúvidas se teria sido mesmo naquela data ] sobre a morte do primeiro presidente civil eleito depois da ditadura.
“O primeiro presidente civil eleito depois do período de regime militar no Brasil, Tancredo Neves, foi considerado clinicamente morto no dia 12 de abril de 1985. Seu corpo foi mantido por aparelhos e com ajuda de drogas até o dia 21 do mesmo mês (data histórica, que lembra a morte de Tiradentes), quando o óbito foi anunciado oficialmente às 22h23.
A análise da data da morte é do pesquisador, historiador e especialista em literatura médica da Universidade de São Paulo (USP), Luis Mir, que investigou ao longo de dez anos, por meio de entrevistas, laudos, relatórios e prontuários, o tratamento e a morte do presidente. Ele ainda chegou à conclusão de que uma sucessão de erros de diagnóstico – aliado a procedimentos ultrapassados e equivocados – sem contar uma guerra de egos entre médicos – determinaram a morte de Tancredo.
O resultado da pesquisa de Mir está no livro O Paciente – O Caso Tancredo Neves, recém-publicado, que afasta teorias conspiratórias sobre o caso, como a de que o presidente teria sido envenenado.
Nada mais a fazer
No dia 12 de abril, os médicos que cuidavam do presidente anunciaram que não tinham mais o que fazer para curá-lo.
No dia em que foi anunciada a morte (21), o então secretário de Imprensa da Presidência da República, jornalista Antonio Britto, leu a nota de falecimento de Tancredo, transmitida ao vivo pelo programa “Fantástico” da TV Globo:
“Lamento informar que o excelentíssimo presidente Tancredo de Almeida Neves faleceu esta noite no Instituto do Coração, às dez horas e vinte e três minutos”.
Na continuação da leitura do comunicado, Britto disse: “Acrescento o seguinte: nos últimos 50 anos a vida pública de Tancredo Neves confundiu-se com os sonhos e com os ideais brasileiros de união, de democracia e de justiça social e de liberdade. Nos últimos meses, pela vontade do povo, e com a liderança de Tancredo Neves, esses ideais se transformaram na Nova República. A emocionante corrente de fé e de solidariedade das últimas semanas, enquanto o presidente Tancredo Neves lutava pela vida, só fez crescer esse sentimento de união que foi sempre ação, exemplo e o objetivo de Tancredo Neves. Com a mesma fé, com a mesma determinação, o Brasil haverá, a partir de agora, de realizar os ideais do líder que acaba de perder: Tancredo Neves”.
Hoje presidente executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), com sede em São Paulo, Antonio Britto não quis comentar o assunto.”