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O rádio está mais longe daquele ouvinte que não desgruda do telefone da emissora?
Ou os tempos são outros?
O leitor do GENTE DE MÍDIA, professor Djacyr, que preside o chamado Clube do Ouvinte, escreve para o nosso blog dizendo-se surpreso com o tratamento dispensado pelos atendentes da rádio Povo-CBN. É que ele diz que o ouvinte está sendo desprestigiado.
"Um ouvinte ligou para
o programa Revista do Povo, que era apresentado por Alexandra Souza, e a
atendente deu a seguinte resposta: "- Não estamos mais colocando ouvintes
no ar...". Ele estranhou e indaga "como pode uma emissora querer audiência tirando
o direito do ouvinte falar, se os ricos tem direito de
falar o dia todo".
Meu caro Djacyr, o que eu posso lhe dizer em relação ao grupo que eu trabalho é que as redes de emissoras de segmento informativo têm uma outra visão destinada a prestigiar o ouvinte. Eles são bemvindos, mas obedecendo a critérios que levam em conta privilegiar o conteúdo e não a forma antiquada quando as pessoas passavam horas ao telefone, em conversas sem interesse que levavam o público a mudar de estação.
Na Tribuna Band News, por exemplo, o ouvinte é atendido pela equipe de produção; toma-se conhecimento da demanda e, caso prevaleça, faz-se uma gravação que vai ao ar em seguida, já com a resposta da parte a que se destina o apelo. Isso é jornalismo feito mostrando-se as duas faces da notícia.
Com isso, deseja-se ganhar tempo, evitando-se a queda das ligações no ar, além dos velhos chavões como acontecia no tempo em que a gente dizia, "olá fulano, bom dia?". E o ouvinte: "quem é?", mesmo já tendo sido devidamente orientado pelo contra-regra.
Cansei de ouvir: "Mas é mesmo o seu Nonato?!", repetia mesmo ouvindo a voz do apresentador. "Vixe, mas tá com uma voz diferente". Ou então, a pessoa ligava e ficava o locutor gritando: alô, alô fulano- e ninguém respondia do outro lado.
É para evitar esse tipo de coisa que as emissoras de segmento informativo procuram aprimorar a presença do ouvinte que vai ao ar. Afinal de contas, ninguém hoje em dia aguenta ficar ouvindo leros como os do passado: "alô seu Antonio, como vai seu peritônio? "Alô dona Raimunda, como vai a sua... filha?"
Venhamos e convenhamos, Djacyr: os tempos são outros.. bem melhores, quando temos um rádio mais enxuto!