Artigo do Clóvis Rossi sobre os nossos políticos
O levantamento dessa excelente repórter que é Érica Fraga destroça o único suposto argumento para justificar o obsceno aumento para congressistas aprovado nesta semana. Ganhavam pouco, diziam.
Talvez até ganhassem, mas o aumento aprovado é tão desproporcional que passaram a ganhar mais do que congressistas de todos os países relevantes. Quinze por cento mais, por exemplo, do que nos Estados Unidos, que têm uma economia 12 vezes maior.
O "argumento" de que ganham pouco vem acompanhado de um raciocínio estapafúrdio, o de que, ganhando bem, não precisariam roubar. Se fosse verdade, o escroque-financista norte-americano Bernard Madoff não estaria preso.
A obscenidade fica ainda mais revoltante porque revela características indeléveis do ser brasileiro. Não por acaso, é no Brasil que se dá a maior diferença entre o salário do congressista e a renda média da população (20 vezes praticamente, contra 4,4 vezes na Argentina, para ficar apenas na vizinhança).
Ou seja, suas excelências fazem questão de reproduzir entre eles e os que deveriam representar a mesma distância que existe no conjunto do país, obscenamente desigual, por mais que o lulo-petismo se esforce para vender uma lenda, a da queda da desigualdade.
A velocidade supersônica com que aprovaram o autoaumento de cerca de R$ 10 mil contrasta brutalmente com as letárgicas discussões em torno de um reajuste de R$ 10 (e não de R$ 10 mil) para o salário mínimo.
Ainda bem que o Tiririca foi eleito. Ele não tem pudor em festejar a feliz coincidência entre sua primeira visita à Câmara dos Deputados e a aprovação do aumento. Pior: nem para dizer que nós é que somos os palhaços. Ninguém que aprovou o aumento usurpou o cargo. Foram todos eleitos pelos "tiriricas" cá de baixo. Bem feito.
Texto publicado hoje na Folha.
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domingo, 19 de dezembro de 2010
domingo, 4 de julho de 2010
Jornal. Em busca do porquê da eliminação
"Os Ronaldos de 2010". Uma pequena aula de jornalismo ministrada num artigo da Folha pelo excelente Clóvis Rossi, aborda a questão das fontes informativas no fazer jornalístico a ponto de se compreender certas circunstâncias que mudam a vida de um time. Rossi faz uma comparação entre o Brasil de Ronaldo fenômeno que amarelou na França e a seleção de Dunga que repetiu o fato na África.
Em parte, o velho Rossi vai ao âmago da questão e deixa para a Psicanálise a explicação do todo.
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