.
A vida física perdeu hoje a figura do 'seu' Wanderley. Jornalista, cronista, poeta, espírita - ele era um bocado de coisas numa pessoa só. Que passava o dia no computador da redação da Jangadeiro, como se estivesse solitariamente. Ao seu lado, contudo, além dos companheiros de trabalho, invisíveis figuras transitavam por seu pensamento sensível de médium, para contar de um mundo que, embora real, ainda não comparece com a mesma intensidade da nossa vidinha terrena. Seu Wanderley mudou hoje de casa. Da Terra para a dimensão do espírito.
Em ocasiões muitas, ele me chamava para ler os textos que acabara de 'receber' e eu me encantava com linguagem de versos parnasianos de autores como Florbela Espanca, da liberdade descontraída de outros vates que, de longe (tão perto!) evidenciavam uma singular pressa em dizer que estavam vivos.
Muitos vão lembrar da figura do jornalista Wanderley Pereira; atuante, ligado ao equilíbrio do bom texto e a densidade do conteúdo. Mas eu prefiro aqui, deixar a outros que se faça isso, porque me interessa confidenciar aos meus leitores da impressionante visão que ele tinha do 'mundo maior', de onde burilava os conceitos e as virtudes celestiais expressas na correspondência com outros vivos.
Seu Wanderley me ensinou muito. Nos ensinou bastante. Editorialista do programa que apresento, suas mensagens chegavam a ser disputadas pelos telespectadores, fascinados com o pensamento sócio-político e humanamente prático, dentro de uma visão cristã de quem sempre fazia questão de estar ligado ao trabalho da seara que abraçou.
Hoje, ouvi muitas pessoas referindo-se que ele tenha um 'descanso eterno' - 'descanse em paz' -numa visão arcaica de quem ainda imagina a vida espiritual um asilo de almas carcomidas pelo tempo e largadas por Deus a ociosidade.
O céu tem vida. E não se concebe que os ditos 'mortos', percam de vista a bagagem apreendida durante toda uma existência terrena, numa visão maniqueísta das religiões do passado, asseverando o céu para os bons e que os maus seriam eternizados no 'fogo'.
O céu tem vida. E não se concebe que os ditos 'mortos', percam de vista a bagagem apreendida durante toda uma existência terrena, numa visão maniqueísta das religiões do passado, asseverando o céu para os bons e que os maus seriam eternizados no 'fogo'.
Seu Wanderley passou o tempo nas suas palestras indicando a certeza da plenitude da vida; na continuidade do ser e na promessa de reencontro sempre das almas gentis que se harmonizam pelos laços do amor.
Que ele possa continuar contribuindo com a força da palavra e a gratitude pela excelência da encarnação que terminou hoje.
A GRATIDÃO DO POETA
Que ele possa continuar contribuindo com a força da palavra e a gratitude pela excelência da encarnação que terminou hoje.
A GRATIDÃO DO POETA
“GRAÇAS A DEUS
Graças Te dou, meu Deus, por tudo quanto
Tenho sofrido ou tenho desfrutado;
Graças, também, Te dou pelo passado,
Por tudo quanto fui e sou, portanto.
Graças Te dou por tudo quanto é santo,
Que tantas alegrias tem me dado;
Graças também por teres me deixado
Sofrer a dor, provar da luta o pranto.
Obrigado, meu Deus, pelo presente,
Por tudo quanto ainda terei na frente,
Livre dos meus pecados fariseus.
Graças Te dou, Senhor, graças Te rendo
Porque já sei dizer, mesmo sofrendo:
Obrigado, Senhor! Graças a Deus!”