As incontáveis críticas que a Globo tem recebido por conta da cobertura do carnaval do Rio de Janeiro revelam pontos que precisam ser refletidos. Um deles, o da troca de jornalistas profissionais por uma turma de influenciadores que, convenhamos, passaram bem longe do exercício de competência que os jornalistas sempre detiveram nesse e em outros eventos.
Verdade que o Jornalismo em si passa por mudanças. Não só as de natureza que envolvem o setor comercial mas de conteúdo. Na tv, os telejornais perderam a sua essencialidade informativa para se travestirem de núcleos de programas que envolvem a área de segurança, sejam quais forem os horários.
A fuga de audiência na mídia televisiva e impressa - e com ela a de patrocinadores -, revela uma questão preocupante para a atividade empresarial. Por isso, impressos mergulharem em profunda crise. Muitas publicações deixaram de ser vistos nas ruas, pondo fim a uma categoria de jornaleiros. Os impressos que conseguiram sobreviver passam por reformulações, adotando a identidade digital para não soçobrarem de vez.
Com isso, as redações foram se esvaziando de profissionais mais experientes, dando lugar a jovens estagiários, atendendo a um compromisso curricular e, evidentemente, por serem menos oneroso do que se pagar a um profissional de renome. Na tv, isso parece se repetir.
A arrogância do diretor de gênero de variedades e reality show, J.B. de Oliveira, o Boninho, dizendo que não está nem aí para as críticas da cobertura da Globo no carnaval, demonstra um pouco caso que ele dá ao setor jornalístico. Acontece que ele vive a pagar royalties de produções internacionais, como se a criatividade brasileira estivesse esgotada. O próprio reality BBB já dá sinais de cansaço.
Com o 'boom' das redes sociais, dirigentes dessas empresas praticamente deram as costas para o núcleo informativo. Seguiram o formato das plataformas Tik Tok, preenchendo os espaços dos programas com produções de 'influencers' sem nenhuma preocupação de que, essa alternativa, é descartável, passageira.
Até mesmo em gêneros de grande sustentação de audiência, como as novelas, emissoras se ressentem do baque nos números de público. Sem textos mais criativos e atraentes, o recurso da regravação de títulos de outros tempos começou a ser explorado.
Mas, repetimos, tudo tem um tempo certo. Uma vida útil. Passageira. E o interesse por esse novo, que é fugaz - seja produto ou pessoa - se esgarça com mais rapidez e facilidade nesses tempos 'apocalípticos para o setor midiático, onde tudo a própria informação, quando trabalhada demais, vive o fenômeno da satuação e se dissolve no ar como bolha de sabão. E é curioso, que a sociedade que restringe o idoso, o velho, simplesmente recorre a ele como recurso para continuar sendo.
O império da Comunicação de Assis Chateaubrind e Adolph Bloch ruíram desastrosamente |
Um olhar no retrovisor da história da TV é possível verificar que certos padrões que atingiram o top em certa época, também sofreram o peso do tempo e o seu desgaste por falta de gestão. Vide exemplos da Rede Tupi - o império Chateaubriand ruiu, desmanchou-se "no ar" - e o da Manchete, de Adolph Bloch. Os dois se transformaram em quadros na parede da memória de nossa história. Hoje, nem sombra deles.