O artigo das terças da professora Adísia Sá, no jornal O Povo, classifica de vergonhoso o que diz ser um "espetáculo circense interpretado por dois dos mais prestigiados e conhecidos nacionalmente políticos de nossa terra: Ciro Gomes e Eunício Oliveira". A mestra faz referência à troca de acusações entre os dois homens "que dizem representar" o povo.
VERGONHA
Jamais pensei e esperei testemunhar o que está agora acontecendo, ou seja, troca de ofensas, grosserias e acusações entre dois dos mais prestigiados e conhecidos nacionalmente políticos de nossa terra: Ciro Gomes e Eunício Oliveira.
Segundo a imprensa, Ciro Gomes anunciou que vai “entrar na Justiça contra Eunício, em função das declarações do peemedebista a um programa de rádio, em que o senador acusou o ex-ministro de desviar dinheiro do Ministério da Integração Nacional, quando esteve no comando da pasta, para as obras da Ferrovia Transnordestina, instituição, hoje, em que Ciro está na presidência.” (O Estado, 10/11/2015)
Ciro, por sua vez, anuncia “que ele (Eunício) vai responder na Justiça as loucuras e as mentiras dele contra a minha pessoa”. Francamente, que vergonha esse espetáculo circense protagonizado por duas das mais conhecidas personalidades cearenses. Homens tidos e anunciados como candidatos naturais a altos postos de nosso Estado e do País.
A política, sabemos bem, não é apenas a arte de bem governar, mas de convivência civilizada, respeitosa, modelo e exemplo. Também me entristece não ouvir uma voz clamando por respeito entre as partes envolvidas em querelas partidárias passageiras. Onde os partidos que se mantêm em silêncio – conivente, digo – dando a entender que isso é a política que merecemos. Em absoluto: não é essa a política que merecemos, nem esse o exemplo que esperamos dos que, dia mais, dia menos, estarão à nossa frente e do Estado.
Como estará a cabeça da nova geração, no aguardo de modelos diferentes dos que aí estão? Cabe à classe política agir consciente de que a arte de bem governar começa no bem agir e no modelar de um novo mundo.
Que se ouça uma voz moderadora, com autoridade moral suficiente para advertir aos que querelam: “ninguém é uma ilha”. Todos ouvem, veem e julgam uns aos outros. Que alguém consiga levar o bom sendo aos dois querelantes, fazendo com que reconheçam e respeitem o povo – que dizem representar.
Adísia Sá
adisiasa@gmail.com
Jornalista