Para os que estão ainda apáticos em relação à Copa e aos resultados positivos do Brasil, vale lembrar um trecho da crônica escrita pelo genial Nélson Rodrigues - 'Complexo de Vira-Latas'.
[...] A pura, a santa verdade é a seguinte: — qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de
suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em
matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em suma:
— temos dons em
excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as
nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “com
plexo de vira-latas”. Estou a imaginar o espanto do leitor: — “O que
vem a ser isso?” Eu explico.
Por “complexo de
vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se
coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os
setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os
maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Por
que, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira
ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo,
espetacular o nosso vira-latismo. Na já citada vergonha de 50,
éramos superiores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem
do empate. Pois bem: — e perdemos da maneira mais abjeta. Por um
motivo muito simples: — porque Obdulio nos tratou a pontapés, como
se vira-latas fôssemos.
Eu vos digo: — o
problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de
tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo.
O brasileiro precisa se
convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e
vender, lá na Suécia. Uma vez que ele se convença disso, ponham-no
para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, como o
chinês da anedota.
Insisto: — para o escrete, ser ou não ser
vira-latas, eis a questão.
O texto completo AQUI.
Complexo de vira-lata
Para Rodrigues, o
fenômeno não se limitava somente ao campo futebolístico. Segundo ele, "
por 'complexo de vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo".
2
Ainda segundo Rodrigues, "
o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima".
(Wikipédia)