Os bastidores do humor cearense, por mais contraditório que isso possa parecer, transparecem uma piada sem graça. Há algo de crise na área, com intrigas e maus relacionamentos entre os que o promovem.
Com um potencial fabuloso para diversificar ainda mais os setores da Cultura e do Turismo no Ceará, o humorismo sofre no ambiente interno, fora do palco e das luzes, uma crise que reflete o mau relacionamento de seus atores entre si.
Tem humorista que não cruza com seus pares. Outros, que até chegaram a dividir o palco, mas hoje não querem nem ouvir a citação de seus nomes. Profissionais que são impedidos de atuar numa mesma casa de show coordenada por um grupo concorrente, vivem descartados do meio.
Há quem diga que essa crise não se limita aos camarins, já que alguns nomes expressivos dessa ribalta andam reclamando reciclagens de quem, no começo da onda, surfou nela sem grandes compromissos com o item qualidade.
Nesse ponto, o fator conteúdo tem sido levantado em discussões de alguns grupos, considerando que é preciso deter a enxurrada de "piadistas", que sem talento, passam a se considerar um Chico Anysio, um Tom Cavalcante ou um Renato Aragão, convivendo à base de trejeitos, figurinos e piadas "politicamente incorretas".
O futuro do humor no Ceará vai depender de uma requalificação de alguns; da decisão de renovar o repertório, até porque tem público que chega a dizer que "algumas piadas são do tempo em que o Costinha andava de fraldas".
A manutenção desse "status", pode ameaçar o próprio humorismo, fechando as portas aos incentivos das políticas culturais e à fuga do público, esse o maior avali
ador e o melhor investidor dessa arte - convivendo uma crise. Sem graça nenhuma, diga-se de passagem.