.
Se você diz que vai “levantar a lebre”, o ecochato atalha:
— Pelas orelhas… Levante pelas orelhas para não machucar o bichinho.
Se você diz que quer “vender seu peixe”, ecochato logo pergunta:
— E, por acaso, não terá sido pescado na época da piracema?
— E, por acaso, não terá sido pescado na época da piracema?
Se você se queixa que está “matando cachorro a grito”, o ecochato liga depressa pra Sociedade Protetora dos Animais.
Se você diz que vai “pegar o touro à unha”, o ecochato faz campanha contra a farra do boi. Se você disser que está “matando bem-te-vi a socos”, o ecochato ameaça chamar o Ibama.
Se você diz que vai “mexer os pauzinhos”, o ecochato retruca:
— Mas não faça fogueira. A estiagem está braba.
— Mas não faça fogueira. A estiagem está braba.
Se você diz que alguém “levou fumo”, o ecochato mostra a foto de cancerosos na carteira de cigarros e faz cara de espanto.
Se você diz que “está naquela água”, o ecochato já recomenda:
— Economize. A água potável está escasseando no Planeta!
— Economize. A água potável está escasseando no Planeta!
Se você diz que vai “botar lenha na fogueira”, o ecochato alerta para a poluição do ar e para o desmatamento desregrado.
Se você diz que “quem tem pressa come cru”, o ecochato avisa:
— Mas lave bem os alimentos com água corrente para evitar contaminação.
— Mas lave bem os alimentos com água corrente para evitar contaminação.
Se você diz que “a vaca foi pro brejo”, o ecochato diz que é melhor do que o confinamento apenas para fornecer leite.
Se você diz que ‘um urubu pousou na minha sorte’, o ecochato lembra do perigo de doenças nos aterros sanitários.
Se você diz que “comprou gato por lebre”, o ecochato que ver a nota fiscal para saber se não é tráfico de animais.
Se você diz “lavo minhas mãos”, o ecochato fala que tem que lavar bem os pulsos, as unhas, as costas das mãos e os entrededos.
Se você diz que “vai botar água na fervura”, o ecochato repreende:
— Melhor é cozinhar legumes no vapor. Ficam mais saudáveis.
— Melhor é cozinhar legumes no vapor. Ficam mais saudáveis.
Se você diz que “cutucou a onça com vara curta”, o ecochato mostra uma lista de animais em perigo de extinção por maus tratos.
Se você diz que ele “está tapando o Sol com a peneira”, o ecochato lembra de usar óculos escuros e do tamanho do buraco na camada de ozônio.
Se você diz que “desta água não beberei”, o ecochato emenda:
— Bem feito, a culpa é sua mesmo pela poluição desenfreada.
— Bem feito, a culpa é sua mesmo pela poluição desenfreada.
Se você diz “isso é programa de índio”, o ecochato se assusta e lembra que racismo é crime.
Se você manda o ecochato “ir catar coquinho” e “se roçar nas ostras”, ele faz apologia da Mãe-natureza e chama atenção para a necessidade de conservação do equilíbrio dos sistemas ecológicos.
Se você manda o ecochato ‘plantar batatas’, ele se apressa em dizer: — Vou, sim, mas sem agrotóxicos!
Rui Werneck de Capistrano, autor de Nem bobo nem nada (romancélere)