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Numa loja de discos antigos, uma descoberta. Um compacto simples dos tempos em que fui discotecário. No selo, um carimbo: "Roubado da Rádio Iracema". Era um artífício para evitar os sucessivos roubos que ocorriam nos anos 70.
Sempre estranhamos o sumiço de discos de vinil que, meses depois, vim a descobrir que fora ação de duas jovens ligadas a área de moda em Fortaleza.
Elas visitavam sempre a emissora. Entravam com bolsas enormes e, enquanto uma nos distraía conversando, a outra escondia discos que passavam pela recepção sem que ninguém desconfiasse delas. Descobrimos a tramóia quando uma delas foi pega em flagrante na discoteca e levadas à direção fizeram o maior drama, chorando e pedindo ao Robinson Xavier de Oliveira que não as denunciasse, "seria um escândalo para família".
Por essa época, adotamos o carimbo "Roubado da Rádio Iracema" que passou a ser marca de todo disco que chegasse a emissora. E, dessa forma, nunca mais tivemos problemas com esse tipo de roubo. O tempo passou, a rádio desfez-se de sua enorme discoteca - não sei para onde foi o acervo - e, agora, entre as pilhas de discos antigos da 'Discos Raros', na Gonçalves Ledo , 23 - descubro uma dessas raridades. O compacto de Marti Caine, lançado em 1979 com o dito carimbo identificando ter pertencido a antiga emissora nos tempos da praça José de Alencar. Carlos, o proprietário nem tinha reparado, dizendo ter adquirido de um colecionador que ele nem se recorda mais.