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sábado, 24 de março de 2012

CHICO ANYSIO. Definido por ele mesmo

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Eu sou alto, forte, feio, fraco, baixo, lindo, louco, certo, esperto, errado, pilantra, mestre, miserável, estroina, bobo, bêbado, lúcido, lépido, lento, lerdo, Márcio, Marlon, Melchior, misto, místico, módico, caro, barato, um barato, um Baretta, safado, safo, sifu, mifu, môfo, moço, mouco, velho, filho, falho, féla, filante, ex-fumante, franco, Frank, Fink, assim, assado, assente, ausente, gente, gentinha, gentil, gentalha, malandro, sabido, sábio, sabiá, sabe-se lá, sei lá se é, sei lá se sou, mas quem não é? Salvado, Sabino, rabino, rabada, de nada, de tudo, entrudo, contudo, com tudo, contido, irado, Iran, Ivone, calado, falante, falhante, perfeito, prefeito, pé feito, mão feita, cuca fresca, cara de pau, rabo de saia, moleque de recado, Maria-vai-com-as-outras, crédulo, cético, cínico, válido, inválido, lavradio, fugidio, cearense, mineiro, paulista, carioca, argentino, fulano, beltrano, sicrano, engano, eslavo, batavo, centavo, real, fatal, final, pesado, pensado, peso médio, meio peso, meio dólar, meio cruzeiro, palmeiras, américa, flamengo, dengo, sem quengo, sem rango, zôrro, zôrra, zona, lona, lima, ferro, pedaço de pau, pedaço de pano, pedaço de rolha, bolha, trolha, trouxa, treco, troco, ator, atôa, uma boa, uma graça, boa praça, vinho velho, velho moço, moço bom, bom partido, partido de cana, cana brava, brava luta, luta democrática, dia noite, açoite, azeite, óleo, olho, nariz, garganta, oto, rino, laringo lojista, balconista, artista, (inclusive) …dependendo do personagem que eu interprete. No fim eu sou um covarde, que se esconde atrás de várias caras por temor de me expor ou um mal caráter que, em vez de se dar ao trabalho, prefere por vários infelizes para trabalhar no seu lugar. Mas faço questão de ser a música do Belchior porque nasci num engenho, com o vento agitando o verde marinho dos pendões da cana, num tempo em que havia galos, noites e quintais. Eu sou o quintal, de pé no chão, subindo em mangueira, escanchado em cavalo de madeira, pião no chão, pião na unha, pião no mundo, rodando, rodando, rodando, esperando uma palma de mão que o sustente, pelo menos por algum tempo e somente agora encontrei. Fui buscar longe: no Rio Grande do Sul”.

Leia entrevista dada a revista AGULHA