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Fac-símile de obras do DIP que chegou a publicar um "Catecismo Cívico do Brasil Novo" |
Um pedaço da hisrtória escrita e falada da ditadura Vargas parece ter sido apagada. Falo das publicações do DIP - o Departamento de Imprensa e Propaganda – criado em dezembro de 1939, aos tempos da ditadura Vargas. Era um detestável órgão censor e um polo ativo de elaboração e difusão do discurso oficial. “Dentre as atribuições figuravam as de organizar serviço de edição de folhetos, livros e cartazes”, mas que eram registros de uma época.
Uma dessas publicações, chegou-me às mãos, ainda em Acopiara, quando eu tinha uns 8 ou 10 anos de idade. Eram publicações em série – de 19 episódios – que meu pai tomara emprestado na Bibliotxa Pública dos Correios e mostravam a visão getilista do "perigo do comunismo” em nosso País. Já vem de longe essa narrativa.
Intitulada de “Zé Curioso”, essa obra em quadrinhos tinha um impressionante desenho, uma rotogravura de excelente definição e as edições que chegaram à nossa família, acabaram retornando à biblioteca dos Correios da cidade que, provavelmente, deu cabo do material.
Já adulto e integrando a atividade jornalística, tentei
conectar-me com alguém que soubesse dessas publicações, mas nem mesmo
utilizando o recurso atual do Google ou da Wikipédia, tive algum resultado da publicação. Tudo foi destruído.
Na Revista Brasileira de História, a professora Tania Regina de Luca, fez o ensaio ‘A produção do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em acervos norte-americanos: estudo do caso", onde se chega à conclusão de que todo o acervo foi arrasado por ordem do presidente Eurico Gaspar Dutra.
Ele ordenou “a queima de todo o arquivo da instituição. Foram incinerados ou
depositados em galpões como papéis velhos e desprovidos de valor folhas, listas
de gratificações pagas a produtores culturais, e os demais documentos internos
aos órgãos assim como os folhetins, os livros e periódicos editados sob sua
responsabilidade direta”.
"O famigerado DIP, como se referiam pessoas da época, tinha a função de efetuar “pesquisas alicerçadas em documentação inédita e arsenal analítico diversificado, prescrutando a propaganda política e o uso dos meios de comunicação de massa então disponíveis (imprensa escrita, rádio e cinema), diz o ensaio da professora Tania Regina.
"A trajetória de figuras de proa do regime e os projetos por eles gestados, as propostas educacionais e as instituições culturais organizadas no período, para citar alguns exemplos. Sem dúvida o regime despendeu significativo esforço para se auto justificar e difundir uma imagem positiva. Para tanto, mobilizou estratégias de natureza muito diversa e que se ancoravam não apenas na tentativa de controlar a produção em áreas as mais variadas – caso da literatura, teatro, música, carnaval e outras manifestações populares –, mas também chamando a si o encargo de alardear os feitos do poder e mostrando-se generoso para com os que se dispunham a contribuir com a tarefa”.
A destruição do material produzido na época demonstra o desinteresse do País em resguardar um material importante para se avaliar episódios da Hisrória Política Brasileira, a partir dessas publicações. Da produção "Zé Curioso", nenhum volume restou.
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