A Inteligência Artificial que Apequena o Ser
Carlos Delano Rebouças
Levado pela curiosidade, depois de algumas oportunidades de falar para meus alunos sobre o que seria inteligência artificial, resolvi remexer o mundo da Internet em busca de mais e mais informações. Na verdade, procurei ir muito além, talvez desvendar o que os diversos recursos que se dizem inteligentes podem nos oferecer de tão extraordinário.
Ao investigar por meio do Google, o mais usado (e mais recente) "pai dos burros" das gerações Z e Alfa, esse pobre mortal, que com muito orgulho representa a X, pôde descobrir muitas ferramentas incríveis e revolucionárias que possibilitam aos navegadores desse mar de inquietações o rápido e providencial encontro com as soluções. Assim muitos podem definir.
Juro que tentei apenas experimentar. Escolhi uma delas e testei para ver o quanto podem ser inteligentes. Talvez uma delas não pareceu tanto, quando sugeri que me apresentasse um soneto e me entregou um poema de quatro quartetos. Ri na hora e disse: Meu Deus, deve ter faltado às aulas de literatura do ensino médio. Mas tudo bem...
A cada sugestão, e para não desperdiçar a rima, uma evolução. De repente, começaram a surgir textos legais (contos, crônicas, artigos...). E cá com os meus botões, dizia: "Esse cara se garante mesmo, oh! Como esse recurso pode produzir tão bons textos, tão bem elaborados e tão bem pensados e orquestrados com o tema sugerido?" Em alguns momentos me senti burro e incompetente, pois quem me conhece sabe de como sou identificado com a produção textual.
Diante dessa triste constatação, perguntei-me sobre o fator autoria. Quantos e quantas se apropriam da condição de explorar a inteligência artificial para produzir um material que seja e assinam como autores? Estamos ou não lendo algo sem pertencimento, sem o poder da criação? "Ah, mas o que basta é assinar como autor, não é?"
Nada disso! Enquanto todas essas indagações me consumiam durante as pesquisas e seus respectivos resultados, dizia para mim mesmo que de nada vale os aplausos se não fiz por merecer. É um sentimento de se sentir covarde consigo mesmo, um traidor que desmerece absolutamente sua capacidade intelectual e criativa.
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