Mal tive tempo de ler o restante da entrevista das 'Páginas Azuis' e sou pego de surpresa com a notícia da morte de Ivonete Maia. Inicialmente, num comentário de um leitor do GENTE DE MÍDIA. Achei até que fosse um mal entendido. A pessoa teria lido a matéria de O Povo e achado que era uma homenagem póstuma. Fui ao blog do Marcellus Rocha e me assustei ao ler a notícia. Ivonete mudou-se de vez. Não para o interior de sua Jaguaruana. Mas para o interior de si mesma.
Sua alma, presente ao longo dessas décadas de experiência física, transmuta-se uma vez mais e viaja em busca dos páramos de origem de todos os seres. Retorna à pátria do espírito. Consolida um tempo de experiências terrenas e retorna à casa paterna, como costumamos ler nos escritos espíritas.
Fui aluno seu. Como mestra era exigente, porque sabia que os seus estudantes deveriam render o suficiente para se orgulharem de ter passado pelo seu ensinamento. Convivi depois na redação de O Povo. Muito rápido, porque sua frequência ao jornal era para conversas e deixar seus artigos. Na rádio, tive chances de conversar com ela nas ocasiões em que estive substituindo Carlos D´Alge nos Debates do Povo.
Ivonete era o que ela mesma desnudou-se na entrevista (belíssima) a Ana Mary Cavalcante. O texto da repórter identifica-se muito bem com o modo de ser de Ivonete. Uma dirigente sindical que honrou a categoria. Uma cidadã que sabia discernir o seu papel. Uma mulher que avançou no tempo em atividades que, muitas vezes, era ocupada até então pelos homens. Ela foi guerreira. Neutralizada apenas pelo cigarro que acabou detonando a fortaleza de mulher que é mas cujo físico acabou se violentando pela nicotina. Um exemplo a mais para que todos nós evitemos o tabagismo.
Escrevo essas linhas tomado de surpresa. Tenho a noção do tempo de viver e do tempo de morrer. Morrer é apenas uma etapa do espírito que singra horizontes da Vida em diversas situações. Ivonete adentra o espaço de origem de todo ser. Deixa entre nós a luz de seu saber, de sua coerência e de sua passagem pelo jornalismo - quase (eu quase diria, igual) a outro nome consagrado, o de Adísia Sá. Sua melhor amiga.
Estive no Ethernus. Lá encontro a professora Adísia. E ela me pede para falar (de público) sobre Ivonete. Encontro coragem entre os meus guias espirituais e falo puxando, no final, o coro de vozes amigas numa prece de gratidão à Vida.
4 comentários:
Hoje ouvindo o Grande Jornal percebi que em dado momento vc estava meio aéreo e perdido, coisa rara. Imaginei q vc deveria ter recebido algum comunicado que suponho seja esse lamentável acontecido.Daqui deixo minhas condolências à familia e amigos
Conheci a Ivonete Maia de perto quando se tornou nossa visinha na Rua Conselheiro Tristão na década de 60. Era uma mulher de se espelhar pelo forte caráter, pelo amor que tinha a profissão. Estive com suas irmãs, que são minhas amigas em Jaguaruana, que tanto amava. Senti o gosto do leite mugido e do banho no rio Jaguaribe. Ivonete nunca perdeu suas raízes e mesmo na ausência dos pais, que já partiram, amava sua terra. Vai em paz minha amiga, um dia nos encontraremos.
A IVONETE MAIA QUE CONHECI
Tive oportunidade de conhecer Ivonete Maia através de sua ação na Presidência da Associação Cearense de Imprensa e na Ouvidoria da Universidade Federal do Ceará e em minhas andanças na terra que ela amava: A Jaguaruana, terra das redes. Era costume seu visitar a terra onde mantinha sua terrinha e procurava fazer algo pelo seu sertão onde nasceu e onde viveu para depois se aventurar na tal cidade grande de Fortaleza.
Sua altivez não a deixava arrogante, pelo contrário, a Ivonete Maia que conheci era solícita, respeitosa , mas sempre capaz de se indignar com injustiças, traições e atitudes deslocadas do sentido ético. Sua participação da ACI se deu em um momento de crise, mas não deixou que ela perdesse o prumo e o respeito de seus pares diante de todos os problemas lá criados.
O Ceará perde uma grande jornalista, perde uma grande profissional do rádio, dos jornais e da mídia em geral que defendeu a classe sem arrogância, sem desrespeito e sem temor dos poderosos. Como ouvidora, ouvia e tentava resolver os problemas, embora não conseguisse, mas sua parte ela fazia e com boa vontade. O Ceará não deve esquecer-se de nomes como estes, deve valorizar seus filhos ilustres que estão no mundo para fazer o bem e criar emoções e admirações que só os bons têm capacidade de fazer.
PROFDJACYR
Conheci Ivonete Maia mais de perto,no tempo em que trabalhei na Rádio Assunção.Do meu trabalho por lá,não gosto muito de lembrar.Porém,guardo as poucas e boas horas que passávamos juntos,quando produzíamos um programa diário,que Ivonete apresentava,ao lado da saudosa Angela Borges,com a participação da hoje deputada Patrícia Saboya.Aprendi mais ainda com Ivonete,que me passava o espírito da coisa,baseada na personalidade das demais porticipantes,que ela dosava,com sensibilidade,humildade e paciência.Depois,vivi um pouco mais a intensidade de Ivonete,através de sua amiga-irmã Adísia Sá,não só em Fortaleza como,também,durante a minha estada em Russas,vizinha da Jaguaruana querida da mestra que migrou para o Plano Superior.Seu jeito de ser,imponente e nada arrogante,deixando de lado a importância profissional que lhe cabia exibir-se,buscava exibir,isto sim,uma bela convivência,com belos gestos de humanismo.Os que partem,sempre deixam saudades,bons ensinamentos,exemplos que devem pautar as páginas da vida,enquanto ela nos pertencer.Obrigado,Ivonete Maia.
Paulo Roberto
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