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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

LEITURA. Fábula para se ler no dia de finados


No tempo em que os bichos e as coisas falavam, duas lâmpadas tiveram um choque de idéias. Uma dizia que uma outra lâmpada da sala havia sucumbido.
- Ela apagou-se! - dizia uma
- Não, ela parece apenas ter cochilado - dizia outra desconfiada.
- Pois eu acho que ela se queimou.
- Queimou nada, mor-reu!
- Pois sempre ouví dizer que toda luz que se apaga, um dia volta a acender de novo.
- Conversa besta, quem morre, nunca mais vive
Ficaram nessa discussão toda que entrou noite à dentro, até que um velho lampião de gás, desses antigos que guardam sabedoria e experiência, reivindicou a palavra e acendeu sua luz sobre o assunto.
- Calma, amigas. Nem tudo que reluz é ouro, mas nem tudo que deixa de ser, quer dizer que acabou. A luz não morre. O corpo de vidro sim; a energia é contínua. Virá um dia, alguém com outra lâmpada e reinstilará no lugar vazio para que, outra vez, tudo volte a iluminar-se. É a vida. E ela é plena. Sempre.
As duas lâmpadas piscaras agradecidas, quando alguém acionou a tomada e as tirou de cena.
(Nonato Albuquerque)

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