O site Periodismo Indeleble listou 23 coisas que um repórter deve saber ao entrevistar vítimas de violência. São orientações compiladas por um grupo de jornalistas, coordenado por Judith Matloff, professora de jornalismo da Universidade de Columbia e colaboradora do The New York Times (e que aparece no vídeo abaixo). São orientações técnicas para serem aplicadas em situações hostis com vítimas de trauma. Tentei dar uma resumida:
1. Quando à frente das vítimas faça perguntas claras que ajudem a pessoa a relatar a sua experiência.
2. Utilize perguntas como: "Sabe o que aconteceu? Lembra-se do que se passou?
3. Use boa postura; muitos repórteres se aproximam das vítimas mais do que o habitual. Fique na frente dela, dando-lhe espaço suficiente.
4. Assuma uma atitude relaxada; lembre-se que um repórter ansioso é alguém nervoso isso pode prejudicar na coleta de dados.
5. Lembre-se de ser incisivo, sem demonstrar ânimo acirrado; quando um entrevistador é fraco, o entrevistado percebe.
6. Não faça perguntas como "minha empresa está interessada em sua história", que poderia fazer a vítima se sentir como um objeto de curiosidade.
7. Pelo contrário, mostre interesse no problema que o afetou e como através de seu relato é possível compreender a realidade dos fatos.
8. Ignore as perguntas triviais que só reativam o horror que a vítima já viveu.
9. Nunca pergunte: Como você se sente?
10.Olhar a pessoa bem nos olhos e focar seu pensamento no que está fazendo. Nessas ocasiões evitar o ruído interno em sua mente.
11. Concentre-se no relato da vítima e deixe de lado a questão da hora do encerramento, a não ser em transmissão ao vivo.
12. Desligue o telefone celular.
13. Respeite a dignidade da pessoa e não interrompa o relato.
12. Seja claro nas perguntas, se possível usando termos que são do uso das pessoas da área onde mora seu entrevistado.
13. Para ver se você entendeu toda a informação fornecida pela vítima, volte atrás para esclarecer o que ficou em dúvida, tipo: "Você disse que nessa data estava no carro. A que horas?" Isso permitirá que os dados também ajudem no entendimento da história.
14. Antes da entrevista com qualquer pessoa, informe-a sobre quem é você, sua empresa e o assunto a ser tratado. Muitos entrevistados não lhe conhecem - e nem têm a obrigação de conhecê-lo, nem a empresa a qual representa.
15. Ao falar com uma vítima, evite tirar fotos do rosto, irá demonstrar a dor de outras maneiras.
16. Nunca aumente o drama da pessoa entrevistada com frases como "Deve estar sofrendo muito com essa morte, não?"
17. Lembre-se que o seu trabalho não é julgar, mas explicar a realidade.
18. Dê oportunidade de a vítima interromper o relato se ela não estiver interessada em continuar. Pode propor: "No momento que desejar, seguimos conversando".
19. Não dê conselhos nem crie falsas expectativas sobre o uso que dará a informação. As vítimas devem saber que há coisas que você não pode controlar.
20. A vítima deve saber que a outra parte terá também direito a dar a versão dela da história.
21. A transparência com as vítimas é questão básica: nunca minta sobre você e só depois de interpelá-la é que revele ser jornalista.
22. Você tem que deixar bem claro com você mesmo que a história dela é apenas uma parte do quebra-cabeça.
23. Aprenda a escutar mais e perguntar menos.
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