Na verdade, com a morte do "Barra", a essência do estilo popular e a alma da engrenagem do noticioso policial, acabaram sendo ressuscitadas e incorporadas a disputada hora do almoço da tv cearense.
Não é só na Jangadeiro. A NordesTV, a Metrópole, a tv Cidade e até a Verdes Mares, transmissora da Rede Globo, todas aderiram a esse tipo de cardápio, ainda que algumas tentem revelar certo ar presunçoso de não se misturar ao nível do "mondo cane".
Cada vez mais, cozinha-se produtos desse menu, em tachos onde fervilha o grosso caldo da realidade dos guetos sociais, das comunidades tomadas pelas facções, das tormentas da individualidade humana sofrendo o abandono oficial. A informação agora chega temperada por textos repetitivos mas que focam a figura dos novos Jean Valjean, que Victor Hugo imortalizou.
Não é o passado que volta. Mas uma fome danada por visibilidade nos números da audiência e que esse sopão pantagruélico, infelizmente, ainda alimenta quem o faz. E, principalmente, quem o consome.
Guerras pelo mundo ceifando milhares de vida, miríades de refugiados, por aqui, a seca dos rios no Amazonas, cidades inundadas e destruidas no sul, um sistema de saúde quase falido, planos de saúde extorquindo seus clientes, milhares sobrevivendo e morando sob viadutos e nas praças, o crime organizado tomando cada recôncavo em que o Estado se tornou ausente, fome, angústia, desemprego de milhares de pais e mães de família, e preocupação da deputada é o Exu. "É pau, é pedra, é o fim do caminho."