Venho do cinema. Fui ver "O Palhaço". Selton Mello é meu ator [brasileiro] preferido. Como diretor, vai bem, também. O filme é singelo e tocante como a paisagem mineira por onde a caravana mambembe do Esperança se arrasta em busca de sobreviver a cada função. Com ela, histórias de quem faz do circo sua vida. Seu ganha-pão. Por tudo, palmas para o filme e sua trupe inteira.
Há um leitura feliniana ao longo de todo o filme. A música que lembra (Nino) Rota. A dona Zaira da atriz Teúda Bara - referência a diva do cinema mudo Teda Bara?. Paulo José, magnífico, no papel do palhaço prestes a aposentar-se. E que é roubado e traído por quem divide com ele as funções. A pequena Larissa Manoela, que vive a Miguelina, tem um ar meio misterioso que se desacorrenta próximo ao final.
Mas Selton tira partido mesmo é das participações especiais. Moacyr Franco, em apenas três minutos, ganha a plateia, provoca risos e realimenta a comédia, quando esta dava impressão de cair para o drama. Jorge Loredo (o Zé Bonitinho), Ferrugem, Tonico Ferreira, Jackson Antunes e a comediante Fabiana Karla (a comandante do metrô do Zorra Total), dão conta do recado. O [bom] resultado é de todo conjunto, mas que deve a Selton Mello, o melhor elogio. É como se ele homenageasse com seu filme, a todos os comediantes do mundo: de Chaplin, passando pelos que vivem sob a lona do circo e todos aqueles que fazem com humor, a melhor rotina de todos nós na Terra.