Tem gente que considera os "clichês", oportunizados nas falas de aconselhamento, uma forma de domesticar os sentimentos de alguém que passa por algum tipo de tormento. Falo isso, depois de ler artigo da Becky S. Korich, advogada e colaboradora da Folha de SP, dando em cima desses fenômenos linguísticos, considerando que eles enchem o saco e merecem ser colocados junto às expressões esvaziadas.
Becky investe, principalmente, entre os clichês de auto-coaching, que ela os considera como os piores:
Você sofre uma perda? Não era pra ser. Está apaixonado? Se for verdadeiro, o universo conspira. Está deprimido? Tudo bem não estar bem. Está com vontade de gritar? Grite, mas de forma curada. Está com raiva? Trabalhe o perdão. Perdeu o emprego? A vida tem planos melhores. Foi traído? Que bênção, agora pode focar em si. Levou um pé na bunda? Gratidão pelo livramento. Está doendo? Aceita que dói menos. Abrace o sofrimento e seja a sua melhor versão.
Eu, sinceramente e honestamente, não sou lá um viciado nesse tipo de expressões; mas até chego a citá-las em algumas das minhas palestras, à título de incentivo, sem nenhum pensamento de "domesticar sentimentos". Tenho a impressão que esses clichês permitem a um tipo de aviso, de alertas a alguns mais desanimados, de que apesar de tudo, vida continua. O que não deixa de ser um clichê, mas uma verdade verdadeira.