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14 setembro 2025

OMBUDSMAN de O Povo reconhece importância de Gil Dicelli

 A coluna do ombudsman de O Povo elogia, neste domingo, a capa do jornal da Aguanambi, no dia seguinte ao da condenação do ex-presidente Bolsonaro. Nós, aqui mesmo no GENTE DE MÍDIA, já havíamos citado como essa capa viralizou como a mais importante entre todos os impressos brasileiros. E o texto nos permite reconhecer a importância do editor-chefe do Núcleo de Design, Gil Dicelli, responsável pela obra de arte. Resolvemos printar o texto: 

O ineditismo na história brasileira em ter um ex-presidente, dois de seus aliados e mais cinco militares de alta patente julgados e condenados no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes relacionados à trama golpista não poderia deixar de ser o principal assunto do País nos últimos dias. Com uma outra variação, as palavras “Bolsonaro condenado” acompanhadas dos “27 anos” de tempo da pena estamparam as manchetes dos periódicos de maior circulação.

A maioria dos jornais destacou fotos de um Jair Bolsonaro (PL) com semblante de desesperança tiradas na casa onde cumpre prisão domiciliar. Diante de um tema com tantas palavras-chave e imagens inescapáveis, o desafio para um jornal impresso é comunicar tal fato, com todo o peso histórico embutido nele, de maneira a fugir do convencional.

Capa do O POVO na edição de 12 de setembro, dia seguinte à condenação de Jair Bolsonaro e aliados pela trama golpista(Foto: Gil Dicelli / O POVO)

A capa do O POVO na edição da última sexta-feira, 12 de setembro, dia seguinte às condenações do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, foi um ponto fora da curva que não passou despercebida. A composição viralizou despertando reações apaixonadas de leitores. Sejam as de aprovação, que foram maioria, ou as de crítica.“Maravilhosa. Capa para colecionadores”, afirmou um seguidor do O POVO no Twitter. “Eu pegaria um voo até Fortaleza só para buscar essa capa”, comentou outro em tom de brincadeira na mesma rede social. “Senhora capa”, resumiu outra seguidora, em expressão que foi repetida muitas vezes nos comentários do Instagram.


Em menor número, houve também os que não demonstraram apreço pela capa, cobrando do jornal um tom mais crítico ao julgamento no STF. “Voto do Fux disse tudo. Ser julgado pelo ex-advogado e ex-ministro do adversário político, não é nada democrático”, protestou um seguidor no Instagram ao criticar o uso da palavra “Democracia”.

O POVO publicou matéria no portal na noite de sexta-feira sobre a "capa viralizada", indicando como o leitor poderia fazer o download da peça. Para além das preferências políticas, da satisfação ou da insatisfação com o veredito, há elementos que compõem toda uma semiótica na capa. Editor-chefe do Núcleo de Design do O POVOGil Dicelli explica detalhes da concepção aplicada.

“A capa transforma a notícia em um manifesto visual, um pôster. A palavra DEMOCRACIA aparece gigante, em caixa alta, como uma estrutura sólida, enquanto o ex-presidente surge pequeno e isolado lá embaixo. O slogan invertido — ‘Acima de tudo’ — partiu do diálogo que se deu com a diretora de jornalismo, Ana Naddaf, e mostra que quem está acima de tudo é a democracia, não um político ou um grupo. O branco ao redor dá respiro e destaca esse contraste. É uma capa-cartaz: simples, de defesa do que é mais caro a nós, a democracia e, claro, um registro histórico”, aponta Gil Dicelli.

“Quiçá a complexidade na elaboração de uma capa, nestes tempos de cultura visual e mídias digitais, é entender que o impresso chegará no dia seguinte dos fatos. Portanto, é preciso sair do óbvio e contextualizar de maneira a impactar o leitor, a incentivar a leitura da edição. Tarefa mais complexa ainda é traduzir uma ideia à primeira vista, como a capa de sexta”, considera Ana Naddaf, sobre o desafio de elaborar uma primeira página referente a um evento histórico que fuja do lugar comum.

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