Certa vez, em uma faculdade de comunicação social, discutia-se o que era um outdoor. O conceito dos painéis de propaganda que se espalham por estradas e avenidas se repetia nos “homens-sanduíche”, aqueles que divulgam o “Compro Ouro” ou o “Empréstimo sem Fiador” caminhando, entre dois cartazes pendurados como um avental. Os jovens estudantes, vestindo camisetas no estilo “I Love New York” ou “Rio de Janeiro”, de repente sentiram-se outdoors em movimento. Bem, é claro que o alcance daqueles outdoors era reduzido, influenciavam apenas a pequena roda de colegas da sala de aula. Mas a definição aceitava os estudantes como propagadores de uma ideia.
[...] O novo comportamento da sociedade, nessa incessante produção de conteúdo em todas as frentes, provocou a morte lenta e gradual de meios de comunicação outrora relevantes, mas que não souberam entender a mudança. Vários jornais desapareceram das bancas e hoje sofrem para pagar as contas em edições digitais sem estratégia, apelando para o “click fácil” e algum dinheiro de programática. Esses têm pouco futuro. Alguns líderes conseguiram ver a oportunidade e se consolidaram. Nesse grupo estão The New York Times, The Guardian e The Wall Street Journal, por exemplo. Na América Latina os argentinos Clarín e La Nación, o colombiano El Tiempo e poucos aventureiros. Curiosa é a dificuldade que muitos têm em mudar a estratégia, aceitar que a concorrência é hoje qualquer pessoa minimamente organizada.
[...] O cidadão é hoje um meio porque ele também pode organizar seus conteúdos em uma plataforma. E se fizer isso bem, com alguma lógica, estará criando um vertical, de nicho. Mais, se souber identificar uma audiência específica para esse conteúdo até corre o risco de ganhar dinheiro, além de se divertir.
Enfim, cada cidadão é um meio. E só sobrevive nesse tsunami de informações quem conseguir ser relevante e criar uma audiência fiel. As regras mudaram, a estratégia também. E há quem insista nas velhas técnicas – e vê a relevância escapar entre os dedos.
É, os novos tempos são para os valentes.
O artigo excelente do Eduardo Tessler pode conferir na íntegra AQUI.
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