Uma estátua do Padre Cícero é inaugurada em Porto Real do Colégio, um município do sertão das Alagoas. O taumaturgo é uma das figuras que mais atraem fiéis à religiosidade popular. Juazeiro é a meca original. Mas outros copiam e buscam com isso algum proveito.
Centenas de milhares de admiradores são capazes de qualquer sacrifício para homenagear o santo Padim Ciço. Andam a pé, milhares de léguas na terra seca e escaldante, para se dirigirem até a igreja de Nossa Senhora das Dores afim de confirmar alguma graça e mostrar-lhe gratidão.
Essa bemquerença do povo simples é, geralmente, aproveitada pelos buscadores de votos. Em anos de eleição, políticos de todas as matizes políticas vão às novenas, abraçam eleitores, rezam e comungam desse espírito de religiosidade. Interessados em ganhar o céu. Mas o céu de algum plenário executivo ou legislativo.
Admiradores somos da figura do Padre Cícero. E seus devotos. Mas não nos revela a menor vocação de verdade, daqueles que usam o mito do Juazeiro, para impressionar eleitores e conquistar votos. E, quando eleitos, somem por quatro anos, deixando ao deusdará um povo simples e honesto, capaz de ser iludido pelos que, particularmente, são os que mais se iludem. Porque da lei de bumerangue, ninguém foge. Aqui se faz, aqui se paga.
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