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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

CORDEL. Poetas populares produzem 'chegada de Jô no céu"

De autoria dos poetas Rouxinol do Rinaré e Klévisson Viana chega às bancas nesta terça feira o cordel "Jô Soares entrevistado em um 'talk show' no céu". É provavelmente o mais rápido trabalho em versão de cordel, revelando o talento de poetas populares sobre uma figura popular como são os personagens de suas histórias. Com autorização do Klévisson estamos publicando os versos para que o público possa aplaudir esse tipo de cultura que precisa ser preservada no País. 

 

Autores: Rouxinol do Rinaré e Klévisson Viana Mais uma estrela do riso Neste plano se apagou Nesta sexta-feira cinco A mídia noticiou Que no Sírio-Libanês Jô Soares nos deixou! Com oitenta e quatro anos Faleceu o humorista. Foi escritor, dramaturgo, Ator, músico e jornalista Que merece este registro Da pena do cordelista. À família e aos amigos Nossos sinceros pesares, Sua legião de fãs, Que ele fez rir aos milhares, Numa só voz diz: Adeus, José Eugênio Soares! Hoje “O Planeta dos Homens” Fica sem graça e carente A ausência de Jô Soares O Brasil inteiro sente, Mas fica imortalizado Seu humor inteligente! Com sua mente brilhante Por seu humor refinado Nosso grande Jô Soares Pra sempre será lembrado Todo o Brasil reconhece Seu valoroso legado. LEIA NA ÍNTEGRA Jô Soares foi um mestre Que das musas foi eleito No humor tinha talento Gozou de grande conceito E em tudo que atuou Procurou fazer bem feito. Na galeria dos gênios Nos mais altos patamares O nosso gordo desponta Se destaca entre os milhares Viva o Gordo! Viva o mestre! Nosso eterno Jô Soares. Seu programa Viva o Gordo Marcou sua trajetória Foi na TV brasileira Que alcançou fama e glória Dirigiu, foi roteirista Fez rir e contou história. Lembro Coronel Pantoja, Torcedor Zé da Galera, Genial era O Reizinho, Pois nosso Jô era um fera. Capitão Gay que era fresco Quais flores na primavera. Era uma voz contundente Em defesa do Brasil Seu humor inteligente Cheio de graça, sutil, E como entrevistador Era engraçado e gentil. Por tudo que fez nos palcos Cinema e televisão Interpretando seus tipos Com alegria e diversão Figura entre os mais brilhantes Artistas desta Nação. N“O Homem do Sputnik” Brilhou jovem no cinema Foi músico, também cantor, A arte era seu esquema Seu nome se elevará Onde o humor for o tema. Foi ele o gordo mais leve Que já viveu neste mundo Era um artista completo Com seu domínio profundo Tinha o dom de fazer rir Todo minuto e segundo. Com “O Xangô de Baker Street” Jô traçou um novo esquema Brilhou como romancista Sherlock Holmes foi tema E seu livro foi direto Para as telas do cinema. Jô Soares fez história Foi humano, foi decente Na condição de amigo Jô era sempre presente Não tolerava injustiça, Sentia o que a gente sente. Jô Soares num poema Deixou uma despedida Recitando como alguém Que antevê a partida Disse: "Não chorem em meu túmulo", Pois há vida além da vida! Não estou lá em meu túmulo, Não adianta chorar... Estou nas águas do rio, Estou no vento a soprar, Estou também nas estrelas Pelas noites a brilhar! Mas Jô ao desencarnar No quarto do hospital Teve rápida letargia E despertou afinal Num programa de entrevistas Na corte celestial Jesus muito sorridente Consultou na sua lista E viu o nome de Jô O nosso estimado artista E no talk show do céu Marcou a sua entrevista. O “JC Onze e Meia” Que chega a muitos lugares Tem gigantesca audiência É um dos mais populares Jesus disse para o gordo: — Venha pra cá, Jô Soares! Nisso o Sexteto Celeste Tocou de forma singela Jô deu graças a Jesus Por sua existência bela E ficou emocionado Vendo seu rosto na tela. Olhando para o Sexteto Nosso Jô se admira Um dos músicos que tocava Numa harpa ou numa lira Era um velho conhecido, Seu querido amigo Bira. Enquanto Bira tocava Se exibia no telão Entre efeitos multicores O cosmos em expansão Belezas da Via Láctea: Saturno, Urano e Plutão. E da Terra, o Taj Mahal, Um belo símbolo de amor, Entre outras maravilhas Nosso Cristo Redentor, Monumento a “JC”, O ilustre apresentador. Inicia a entrevista Jesus segura-lhe a mão E recordou a estreia De Jô na televisão Lá na Praça da Alegria Com o personagem Alemão. Lembram cada atuação Que seu humor fino encerra Como o programa global “Faça humor, não faça guerra”, Uma sátira à guerra fria Que envergonhava a Terra. A certa altura Jesus Perguntou: — Jô, afinal, Como a Terra está? Vai bem? Jô respondeu: — Vai bem mal! E se ouviu no auditório A gargalhada geral. Jesus retruca: — E o Brasil? Agora é uma nação mítica? Você que é inteligente E tem uma visão crítica, Me diga, o que é que achas Da situação política? Jô Soares respondeu: — Nossa “Pátria do Cruzeiro” Sofre com a pandemia Que assola o mundo inteiro E com um governo tirano Que massacra o brasileiro! Jesus fazia perguntas A fim de descontrair E Jô, espirituoso, Deixava o verbo fluir No talk show a plateia Bolava de tanto rir! Jô Soares demonstrava QI acima da média. Jesus diz: — No humorismo Tu és uma enciclopédia! Jô responde: — É “falha nossa” Se a vida é uma comédia! Dos 300 personagens Que Jô Soares criou A pedido de Jesus Alguns ele interpretou: Tavares, Vovó Naná Brilharam no talk show... O professor Gengir Khan, Irmão Thomas, Manchetão, Norminha hippie, Zezinho, Mordomo Gordon, Bocão... Jô, com versatilidade, Deu show de interpretação! De pé a plateia aplaude. Nesse talk show divino Vieram abraçar o Jô Tutuca, Paulo Silvino, Lúcio Mauro, Chico Anysio, Mestres do humor genuíno! Grande Otelo também veio, Zilda Cardoso, Oscarito, Jorge Loredo, Golias, Roni Rios... como um rito Jô e o elenco do riso Que vive no infinito. Todos saudaram felizes O grande comediante. Jesus parabenizou Esse humorista gigante, Jô com “um beijo do gordo” Despediu-se cativante! Jô ficou junto de Deus, A Suprema Inteligência. No mundo espiritual Prossegue sua existência, Tornando o céu mais alegre Com graça e irreverência! Fim

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