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quinta-feira, 21 de julho de 2022

TV. Sindjorce notifica a Cidade por declaração transfóbica

O Sindicato dos Jornalistas do Estado do Ceará (Sindjorce) envia ofício ao Grupo Cidade de Comunicação no qual questiona uma declaração de cunho transfóbica do jornalista Luiz Esteves, apresentador do Programa Balanço Geral, da TV Cidade Fortaleza. Eis a informação segundo a página do sindicato:



No último dia 19 de julho, em transmissão ao vivo de seu programa, após apresentar matéria sobre denúncia de sequestro após conversas em um aplicativo de namoro, o profissional afirma: “Exatamente para você ficar de olho, sempre ficar com o pé atrás, antes de começar um relacionamento que você encontra a pessoa assim, por trás de um perfil, de uma foto na internet, né. Um colega aqui nosso se deu mal, quase. Não vou nem dizer o nome. Ele entrou num aplicativo achando que era uma coisa, quando chegou lá viu que era ‘um’ travesti. Pois é. Olha aí. Fique atento”.  

O Sindjorce compreende que o discurso do jornalista, veiculado neste programa de significativa audiência no Estado, é um enorme desserviço para a população cearense, pois faz uso de chacota contra uma das comunidades que mais tem contato com a violência letal em nosso país. A declaração de Luiz Esteves estigmatiza a identidade travesti e colabora com o ódio contra pessoas trans, cuja expectativa de vida não ultrapassa os 33 anos no Brasil. As manifestações do comunicador comparam o relacionamento com uma travesti ao crime de sequestro ou roubo, que era o tema principal da reportagem. Além disso, Luiz trata a identidade travesti no masculino, ignorando que o termo está no espectro feminino enquanto identidade de gênero. Tais atitudes, infelizmente, só insultam a intolerância e a violência. Isto posto, lembramos também que hoje a LGBTfobia é crime no Brasil, de acordo com decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita, as emissoras de rádio e televisão são concessões públicas e têm, portanto, “obrigação de respeitar os direitos humanos, a Constituição e os princípios de igualdade entre todos e todas. O que o jornalista fez foi uma agressão frontal à dignidade humana”, pontua o dirigente sindical.

No ofício encaminhado ao conglomerado de mídia foi solicitada uma posição oficial sobre o caso, com exibição de direito de resposta no programa, pedido de desculpas público do jornalista à toda a população LGBTQI+ e a produção de matérias que valorizem o respeito à diversidade sexual, que publicizem os dados sobre a transfobia no Estado e enfatizem a existência de uma lei que criminaliza a LGBTfobia no país.

A ação do Sindicato acontece após denúncia da Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará (ATRAC). A entidade informou em ofício ao Sindjorce que “as palavras do jornalista nos agridem, nos ferem, ao usar o tom de deboche, tom pejorativo, não respeitando, a identidade de gênero de travestis e mulheres transexuais”. A ATRAC também exige uma retratação, reparação imediata do referido jornalista e da emissora de televisão. 

COMPILADO DO SINDJORCE

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