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terça-feira, 14 de julho de 2020

HUMOR. Eduardo Aparício revela a irreverência dos Roccios

Redes sociais que se prezem sobrevivem do inusitado. Por isso, o Facebook tem ganho no Ceará uma admirável e insinuante dose de humor - humor primoroso, que fuça o passado e nos remete gostosamente às imagens de uma família de sobrenome Roccio(*). Gente, é a coisa mais agradável de se ler. 

autor da façanha é o cearense Eduardo Aparício, de uma invejável capacidade narrativa, capaz de expor minuciosos 'revivals' de seus personagens transitando lá pelos cafundós do nosso interior.

Para ele, uma foto antiga que condicione poses extravagantes é o bastante para adoçar com um bem urdido e original texto, uma façanha que já tem alguns episódios. 

Eu estou adorando. E já cantei a pedra de que precisa virar livro. E se faço esse registro aqui no blog é no sentido de que outras pessoas desfrutem das tramas maquinadas pela mente inteligente do Eduardo Roccio, ou melhor Aparício que, de tão bom, eu acabo misturando criador e criaturas. 


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Nenúfar (Nenem) do Roccio, prima em terceiro grau do bonitão Luciano, e prima legitima de Talulah do Roccio. inspirada em sua famosa parente tentou, sem sucesso, a carreira artística como vedete no acanhado teatro de Amontada. desprovida de talento e atributos físicos, desistiu da vida nos palcos e passou a vender uma linha de cosméticos à base de muçambê e aroeira, que acabaram por intoxicar seriamente as arrumadas madames da sociedade local. após mais esse malogro, amigou-se com motorista da jardineira que fazia a linha para as praias do município, tornando-se a primeira guia turística da região. resiliente, deu de ombros aos infortúnios da vida.

Lindauro do Roccio, primo do belo Luciano e amigo íntimo do delicado Felício, foi um homem de visão. másculo e bonitão, deixou a aprazivel Umirim após um inconcluso curso de datilografia, seguindo para a capital em busca de voos mais altos. vivaz e perdulário, livrou-se dos apertos financeiros ao descobrir os desejos velados de alguns senhores casados da fina flor da sociedade alencarina, atendidos na cálida noite da praça dos leões em encontros fortuitos e lucrativos. atlético e brozeado, bombava na praia do náutico.



Liduina e Idelzuite Primeira do Roccio, tias do aprumado Luciano e madrinhas de apresentação do comedido Felício, eram da pá virada. espilicutes e despudoradas, cedo foram expulsas do leito de suas redes sociais com varandas de crochê, graças ao contumaz hábito de se despirem em toda e qualquer ocasião social a qual eram convidadas. após diversos processos por atentado ao pudor e ao bom gosto, decidiram tornar-se instrutoras de pilates nas areias da praia da Barra do Ceará, atividade que durou pouco mais de meia hora e foi interrompida para sempre devido às violentas câimbras que lhes acometeram. ludicas e desvairadas, deitaram e rolaram abundantemente.

(*) Pelo que pude arrancar do santo oráculo google, Roccio seria um ramo de uma família da antiga nobreza feudal, que se origina de Boccio, conde de Roccafedrighi, lá pela Roma antiga no distante ano de 1292. Mas, como as estórias do Aparício, não leve as coisas demais a sério. O importante é se deliciar com as aventuras dos roccios cearenses. 

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