Está na Folha de SP de hoje: O Google anunciou que não vai pagar os veículos franceses para reproduzir trechos de seus textos no serviço Google News.
A União Europeia decidiu em favor do pagamento em março. Na França, primeiro país a ratificar a decisão, a nova lei entra em vigor em 24 de outubro.
Em lugar de pagar, o Google informa que passará a reproduzir somente os títulos, "em conformidade" com as novas normas. E que os trechos serão usados caso "o veículo tenha tomado providências para nos indicar que esse é o seu desejo", escreveu Richard Gingras, vice-presidente de News do Google, no blog da empresa na França.
Ele argumenta que "pagar para que links apareçam na busca não é bom para os usuários nem para a qualidade da busca", cujos resultados "devem ser determinados por relevância, não por parcerias comerciais".
Também em nota, o ministro francês da Cultura, Franck Riester, afirmou que o objetivo europeu "era extremamente claro: permitir um compartilhamento justo do valor produzido, para as plataformas, pelo conteúdo da imprensa". E que "desse ponto de visto a proposta do Google evidentemente não é aceitável".
Para a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA, na sigla em inglês), em comunicado assinado por seu presidente, o espanhol Fernando de Yarza, a postura do Google "não só é desrespeitosa do governo francês e de seu parlamento eleito, mas vai contra uma lei que em breve será aplicável em toda a União Europeia". Ela "denota um desprezo problemático pela liberdade de imprensa", acrescenta.
Procurado, um porta-voz do Google Brasil respondeu que é consenso que a posição da empresa está em conformidade com a nova lei, o que não é questionado nem pelo governo francês. E que o ministro Riester, em sua nota, reconheceu que o Google deu mais controle aos veículos sobre como seu conteúdo aparece na busca.
No Brasil, o presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Marcelo Rech, que é do comitê executivo da WAN-IFRA, afirmou que lamenta a postura do Google e que "a França é agora o marco zero do que é uma tendência mundial de reconhecimento do valor da produção de conteúdos originais e únicos".
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