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segunda-feira, 4 de junho de 2018

DEU NA FOLHA. A reinvenção do rádio no interior do País

O rádio brasileiro passa por mudanças. E uma delas passa pela integração com a Internet. Ontem, a Folha de SP publicou uma matéria da jornalista Belisa Figueiró mostrando a importância disso. Principalmente, quando se sabe que, hoje em dia, ele alcança 91,9% da população brasileira e é o veículo de maior capilaridade. O artigo merece ser lido por quem atua no veículo


Rádios do interior se reinventam com tecnologia de streaming

Belisa Figueiró
SÃO PAULO
O streaming (transmissão via internet) está mudando a maneira de ouvir rádio e as fontes de receita das emissoras até em cidades com menos de 50 mil habitantes.
Com a popularização dos celulares, a entrada das rádios FM ficou mais abrangente e os smartphones com acesso à internet agora dão uma virada definitiva no setor.

Emissoras no interior passam a competir pela audiência das rádios das capitais. Por exemplo a Liberal FM de Dracena, a 630 km de São Paulo. 
Segundo Luiz Antônio Jacon, 53, gerente da rádio, isso só foi possível depois que ele melhorou a qualidade do streaming, usando o aplicativo MobiAbert, gratuito.
“O ouvinte está mais exigente. Quem é da cidade vai continuar acompanhando a rádio, tem assuntos locais que interessam. Mas o de fora precisa de um atrativo a mais”, diz.
A nitidez do som e a quase inexistência de delay entre a transmissão em FM e a da internet é o que ele caracteriza como trunfos da rádio, que tem ouvintes na capital e até em outros países.
Desde que começaram a surgir empresas brasileiras que oferecem a tecnologia do streaming, Jacon conta que esperava uma oportunidade. O custo para implementação, porém, era proibitivo. 
Assim como a rádio de Dracena, outras pequenas esbarravam na mesma dificuldade.
Em 2015, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV) criou um aplicativo gratuito para tentar incluir essas rádios de pequeno porte. Hoje, segundo a entidade, já são 2.500 participantes, em todo o Brasil. O MobiAbert pode ser acessado em qualquer celular ou tablet, também gratuito para os ouvintes.
A empresa de tecnologia que viabilizou o aplicativo é a Access, de Curitiba, que se especializou em gestão de emissoras de rádio. De acordo com a diretora, Malu Villela, 49, a inspiração veio do TuneIn, aplicativo que reúne emissoras do mundo todo.
“As novas gerações não ouvem mais o rádio convencional, só no carro. É uma mudança sem volta”, reforça ela. A Access contabiliza mais de 9 milhões de downloads do aplicativo, desde o fim de 2015. 
Para tornar o projeto mais eficaz, a Abert também ofereceu tecnologia de ponta para a transmissão ao vivo pela internet. A startup parceira escolhida para fornecer o streaming foi a Ciclano, que tem sede em Santa Maria (RS). Com adesão gratuita e mensalidade de R$ 27,93 após seis meses, a empresa permitiu que as emissoras atingissem boa qualidade a baixo custo. 
O presidente e fundador da Ciclano, Maurício Castro, 40, relata que a startup nasceu no final de 2015. No ano passado, a Ciclano foi escolhida para receber o apoio da aceleradora canadense Launch Academy para avançar mais no projeto de fazer transmissão ao vivo e distribuir conteúdo em uma única plataforma.
Até chegar ao MobiAbert, a Ciclano já fazia streaming para emissoras. Além da qualidade do som em tempo real, o serviço permite continuar transmitindo a programação de forma digital e automática, na madrugada e quando há queda de energia. Para pequenas rádios, esses fatores garantem um padrão antes só possível para as capitais.
O rádio alcança 91,9% da população brasileira e é o veículo de maior capilaridade.

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