Saber que Caetano Veloso estacionou o carro no Leblon ou que algum ex-BBB atravessou uma avenida pode não fazer muita diferença para o leitor e não agregar nada à opinião pública. Estas notícias, no entanto, têm seu público e refletem apenas uma faceta de um mercado que gira em torno das celebridades. Esta semana, a Globo anunciou o encerramento das operações do portal de celebridades Ego e da editoria Papparazzo, dizendo que vai “concentrar sua estratégia digital em seu ambiente de vídeo e verticais de conteúdo”.
Fundado em 2006, o site tinha uma média mensal de 13, 2 milhões de visitantes únicos. A decisão teria sido resultado de uma “reflexão sobre a evolução do mercado de notícias de celebridades no Brasil e no mundo”. O conteúdo sobre famosos sempre foi questionado, o que se intensifica ainda mais em tempos de Instagram e Snapchat, quando as personalidades têm seus próprios canais nas redes sociais.
Para Rafael Coca, sócio da agência Spark, focada em marketing de influência, as celebridades passaram a ser seus próprios veículos de conteúdo quente. “Aquelas manchetes como ‘tal pessoa fez isso ou aquilo’ e ‘foi em tal lugar’ perderam valor, já que elas próprias são a fonte da notícia. Do ponto de vista do artista, o interesse também é maior em controlar a mensagem que vai passar, no lugar de um veículo que pode interpretar o que ele diz ou faz de diferentes formas”, diz.
Os veículos “especializados” podem servir ainda como uma curadoria do que acontece na internet, na opinião de Nelsinho Botega, sócio da rede de canais Snack. Para ele, as notícias de celebridades vão existir independentemente da auto exposição das celebridades nas redes sociais. “A exposição é o oficial, as notícias de celebridades são o ponto de vista de cada portal. É como ver o futebol e mesa redonda.
Não é só o fato que importa, e sim a reverberação do fato. Não vamos deixar de ler os jornais, mesmo que cada político ou economista resolva postar seu dia a dia. Cada vez mais buscamos curadoria de quem a gente gosta e acredita para assuntos diversos.”, explica o executivo.
Coca acredita, no entanto, que o interesse pela vida dos famosos é inerente ao público, dividindo o conteúdo sobre celebridades em duas categorias: uma mais analítica, que pode trazer novos olhares sobre um assunto e levantar discussões, e também o conteúdo quente, focado na exposição e na fofoca. “Esse modelo sempre vai existir pois é a linha que alguns canais seguem. No Brasil, os canais de fofoca ainda são bem leves em relação aos EUA, onde você tem o TMZ e outros veículos dedicados a isso de forma agressiva”, avalia.
Marcas e agências
Apesar de as celebridades terem seus próprios canais de comunicação com fãs e público, há também um mercado indireto que se movimenta com base no conteúdo sobre os artistas, de agenciadores de celebridades à gestores de imagem e anunciantes. Para Coca, no entanto, esta é uma indústria que se retroalimenta, e os projetos das marcas com celebridades não são, necessariamente, pensados com base na repercussão que vão gerar, mas na afinidade entre a marca e a celebridade.
“É óbvio que é mais fácil se a personalidade tiver uma boa imagem e repercussão na mídia, mas se escorregou ao postar determinada foto em suas redes, isso pode influenciar no interesse de um anunciante. Mesmo assim, não diria que o mercado depende do que está sendo repercutido. Na verdade, a minoria das ações são feitas com base na repercussão nos veículos, mas sim nas mídias sociais”, explica ele.
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