Da esq. para a dir.: Caio Túlio Costa, Tânia Alves, Junia Nogueira de Sá e Vera Guimarães |
A jornalista cearense Tânia Alves participou hoje, em SP, do Encontro Folha de Jornalismo com outros ombundsmans e jornalistas que ainda ocupam o cargo. A Folha foi o primeiro veículo a criar essa função e "somente o jornal cearense O Povo replicou a experiência que, nos EUA, Japão e países da Europa é mais frequente", cita matéria do diário paulista.
Tânia avaliou a experiência do jornal cearense como positiva, apesar das deficiências da lei, que já teve artigos vetados pelo STF. Ela acredita que a nova lei não traz tantos benefícios, especialmente jornal de menor porte.
"Ela [a lei] só reforça aquilo que deve ser o principal. A gente tem que apurar o que é verdade e questionar a si mesmo e o seu trabalho. Isso é o que nos leva para frente", disse Tânia Alves.
Na terceira mesa de debates do Encontro Folha de Jornalismo, nesta quinta (18), no MIS (Museu de Imagem e do Som), ex-ombudsmans e jornalistas que ainda ocupam esse cargo disseram que a correção dos erros e o direito de resposta ainda são uma fronteira a ser cruzada pelos veículos de comunicação.
Mediado pela atual ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins, o painel teve a participação de Caio Túlio Costa, primeiro a ocupar o posto na Folha, Junia Nogueira de Sá, que também exerceu essa função, e Tânia Alves, do cearense "O Povo".
A Folha foi o primeiro jornal a criar essa função, em 1989. Segundo Vera Guimarāes Martins, ela "vai um passo além da coleção de erros porque expõe o jornal, o que é incômodo". Desde a criação do posto pela Folha, somente o jornal cearense "O Povo" replicou a experiência que, nos EUA, Japão e países da Europa, é mais frequente.
"Eu esperava que 25 anos depois, essa sala estaria cheia de ombudsmans", disse Junia Nogueira de Sá. "Infelizmente, somos animais raros nesse zoológico."
Para ela, que atua com comunicação corporativa, se os veículos de imprensa pretendem sobreviver em um mundo dominado pela tecnologia terão, obrigatoriamente, que se deparar com seus erros e uma forma efetiva de corrigi-los.
"Estamos no limiar de virar a mídia referencial da sociedade, não importa onde [papel ou digital], ou ser igual a todos", disse Nogueira de Sá. "Hoje todo mundo virou produtor de conteúdo. Se eu quero sobreviver nessa selva como referência, preciso ser à prova de erros."
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Da esq. para a dir.: Caio Túlio Costa, Tânia Alves, Junia Nogueira de Sá e Vera Guimarães |
DIREITO DE RESPOSTA
Para Caio Túlio Costa, os jornais deveriam ter se antecipado ao governo na elaboração de uma forma efetiva de garantir o direito de resposta. "Nenhuma democracia resolveu essa questão a contento", disse. "Acho uma vergonha para os jornais. As instituições jornalísticas não se organizaram para criar um mecanismo próprio, que defenda o direito de resposta das vítimas da imprensa, algo parecido com o Conar, no sentido da autorregulamentação."
Apesar das deficiências da lei, que já teve artigos vetados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a ombudsman do jornal cearense "O Povo" acredita que a nova lei não traz tantos desafios, especialmente para jornais de menor porte.
"Ela [a lei] só reforça aquilo que deve ser o principal. A gente tem que apurar o que é verdade e questionar a si mesmo e o seu trabalho. Isso é o que nos leva para frente," disse.
O Encontro Folha de Jornalismo celebra os 95 anos do jornal. Nesta quinta (18) e sexta (19), oito mesas, quatro a cada dia, abordam temas como: a importância crescente do jornalismo profissional, a lei que regulamenta o direto de resposta, o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e a relação entre imprensa e governo na Argentina e na Venezuela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário