A atividade de jornalismo está relacionada em sexta posição entre as dez profissões com mais casos de psicopatas do mundo. Pelo menos é o que aponta o psicólogo canadense Robert Hare, ao programar a Lista de Verificação da Psicopatia, onde loucos, lunáticos & cia, já não compõem esse bizarro ranking.
1o. - CEO
2o. - Advogado
3o. - Vendedor
4o. - Profissional de mídia (rádio/tv)
5o. - Cirurgião
6o. - Jornalista
7o. - Policial
8o. - Membros do clero
9o. - Chef de cozinha
10o- Funcionário público.
2o. - Advogado
3o. - Vendedor
4o. - Profissional de mídia (rádio/tv)
5o. - Cirurgião
6o. - Jornalista
7o. - Policial
8o. - Membros do clero
9o. - Chef de cozinha
10o- Funcionário público.
Não só lunáticos ou criminosos: saiba quais são as 10 profissões com mais psicopatas
Apenas 1% da população pode ser considerada psicopata; descubra em que carreiras ser um deles pode ser uma vantagem
Apenas 1% da população mundial pode ser considerada psicopata. O psicólogo canadense Robert Hare desenvolveu a Lista de Verificação da Psicopatia de Hare nos anos 1980, e desde então ela é amplamente usada na identificação e no diagnóstico da condição. Ao contrário do que o senso comum diz, muitos psicopatas não são lunáticos raivosos ou criminosos violentos; na verdade, a maioria deles se dá bastante bem com o restante da sociedade. É o que explica a revista norte-americana Scientific American:
“Superficialmente charmosos, psicopatas tendem a causar uma boa primeira impressão nas outras pessoas e, frequentemente, parecem pessoas normais. No entanto, são egocêntricos, desonestos e pouco confiáveis, demonstrando com frequência um comportamento irresponsável sem razão aparente além da diversão. Desprovidos de culpa, empatia e amor, eles muitas vezes mantêm relacionamentos interpessoais e românticos difíceis. Psicopatas oferecem desculpas rotineiras para seu comportamento irresponsável e frequentemente ultrajante, colocando a culpa em outras pessoas. Eles raramente aprendem com seus erros ou ao receber respostas negativas, e têm dificuldade em inibir seus impulsos.”
Kevin Dutton, psicólogo e autor do livro “The Wisdom of Psychopaths: What Saints, Spies, and Serial Killers Can Teach Us About Success”(“A sabedoria dos psicopatas: o que santos, espiões e serial killers podem nos ensinar sobre o sucesso”, em tradução livre) acredita que a psicopatia pode na verdade ser vantajosa em algumas profissões. Fazendo uso de pesquisas (não muito científicas), ele compilou uma lista de carreiras em que os psicopatas estão mais presentes. Na maior parte dos casos, são campos em que as características da psicopatia permitem que as pessoas arrisquem e se deem bem. (Foi sugerido mais de uma vez, por exemplo, que psicopatas do meio corporativo causaram a mais recente crise financeira.)
Em conformidade com as descobertas de Dutton, eis aqui uma lista das 10 carreiras com o maior número de profissionais psicopatas. Há algumas surpresas – a maior delas é que a carreira de político não é a número um.
1) CEO. Há lugar melhor do que o ambiente corporativo para um psicopata ascender? Muitos grandes empresários são pessoas amáveis, certamente, mas vários estudos sugerem que pelo menos 4% deles — ou seja, quatro vezes mais do que entre a população em geral — podem ser considerados psicopatas.
As características que definem a psicopatia, "ser alguém que busca riscos, impulsivo e sem medos" também ajudam no empreendedorismo e no sucesso. Mas, segundo o autor Jon Ronson, do livro “The Psychopath Test: A Journey Through the Madness Industry” (“Teste da psicopatia: uma jornada pela indústria da loucura”, em tradução livre), outros indicadores de psicopatia, como falta de "empatia e remorso" e o sentimento de nunca ser responsável, podem criar executivos cujo comportamento inescrupuloso causa enorme destruição.
Um dos mais conhecidos entre eles é o norte-americano Al Dunlap, conhecido pelo apelido “Chainsaw”, “motosserra”, em português. Enquanto era chefe da empresa de papel Scott, Dunlap demitiu 11 mil funcionários (conhecidos dizem que ele concretizava as demissões com “aparente deleite”), o que lhe conferiu o status de ídolo em Wall Street e fez as ações da empresa crescerem em 225%. Ele também teria ameaçado sua esposa com uma faca dizendo que sempre quis saber qual é o gosto de carne humana, não compareceu aos funerais de seus pais e escreveu um best-seller chamado “Mean Business” (“Negócios Malvados”, em tradução livre). Dunlap finalmente perdeu seu posto após suas táticas financeiras questionáveis como CEO da empresa de produtos domésticos Sunbeam terem ido longe demais. Atualmente, ele "cumpre pena" em seu palácio particular, na Flórida.
2) Advogado. Quase todas as piadas sobre advogados se baseiam no estereótipo de que são, essencialmente, psicopatas: mentirosos e trapaceiros, desprovidos de moralidade, obcecados com o lucro a todo custo. A despeito disso, a maioria dos defensores públicos dificilmente enriquece. Ainda assim, a pesquisa de Dutton mostrou que advogados têm seu segundo lugar garantido na lista de maiores psicopatas. Certamente, faz sentido que alguns advogados consigam se beneficiar da possibilidade de acionar seu charme e mentir sem peso na consciência.
Dutton também entrevistou um bem-sucedido advogado psicopata que disse: "Em algum lugar dentro de mim há um serial killer escondido. Mas eu posso mantê-lo sob controle com cocaína, Fórmula 1, sexo e brilhantes interrogatórios de testemunhas".
3) Profissional da mídia (televisão/rádio). Este parece bastante óbvio. Você se surpreende com o fato de que existam tendências narcisistas em uma pessoa que se considera tão importante a ponto de acreditar que todos devem ser expostos à sua imagem? Obviamente, nem todas as estrelas de filmes, televisão ou rádio têm uma pontuação alta no medidor de Hare, mas se você pensar em algumas das personalidades mais gritantemente psicopáticas dessas mídias, tudo faz sentido.
Cirurgiã em ação. Foto: Salim Fadhley / Flickr CC
4) Vendedor. No livro “Working With Monsters: How to Identify and Protect Yourself from the Workplace Psychopath” (“Trabalhando com monstros: como identificar e se proteger de psicopatas no ambiente de trabalho”, em tradução livre), o autor John Clarke escreve que ter um psicopata na equipe de vendas pode ser algo precioso. "O psicopata tem grandes chances de ser um bom vendedor, se for inteligente, eloquente e superficial", escreve Clarke. "Um estudo feito em 2001 pelo professor de Psicologia Marc Hamer descobriu que uma boa performance na área de vendas está associada com maiores níveis de narcisismo (egocentrismo e mania de grandeza), sociopatia e empatia cognitiva".
Conforme observado por Clarke, no entanto, "a longo prazo, os psicopatas decepcionam seus clientes. Além disso, o vendedor psicopata provavelmente explorará o sistema de maneira a se beneficiar. Por exemplo, eles podem roubar produtos ou vendê-los com 'desconto' para seus amigos".
5) Cirurgião. Curiosamente, embora médicos e enfermeiros integrem a lista das carreiras com o menor número de psicopatas, os cirurgiões são um caso à parte. Em um artigo na revista norte-americana Pacific Standard, o cirurgião Wen Shen afirmou que "o problema com os cirurgiões é que muitos são rudes, abusivos e incrivelmente egocêntricos, de modo que muitas pessoas se perguntam se eles não sofrem de transtornos psiquiátricos". Shen especula que essa tendência pode advir dos terríveis tempos da cirurgia sem anestesia, quando os cirurgiões precisavam ser capazez de operar "com uma trilha sonora de gritos" e manter a mão firme. Há cada vez mais cirurgiões bondosos e gentis, mas médicos de outras áreas e demais profissionais de saúde ainda têm uma imagem negativa deles.
Dutton narrou uma conversa mantida com um neurocirurgião anônimo que expressa a insensibilidade da psicopatia: "Não tenho qualquer compaixão pelas pessoas que opero. Durante a cirurgia, eu renasço como uma máquina fria e sem coração, totalmente fundida com o bisturi, a broca e a serra. Quando você está cortando e enganando a morte, os sentimentos não são adequados. A emoção é seriamente prejudicial nessa atividade. Eu consegui extingui-la completamente ao longo dos anos".
6) Jornalista. O escritor e jornalista Justin Cash escreveu que "um pouco de psicopatia é, na verdade, um pré-requisito para o propósito público do jornalismo". Segundo ele, "a psicopatia pode surgir muito facilmente no meio jornalístico (...). Ver seu nome em um jornal de circulação nacional diariamente é suficiente para tornar até mesmo o mais humilde dos seres humanos em um poço de narcisismo. E se você acha que isso é ruim o bastante, imagine o quanto aparecer na televisão diariamente não contribuiria com o sentimento de superioridade de uma pessoa". Portanto, sim, talvez seja verdade.
7) Policial. Em um momento em que a violência policial é um tema de discussão nacional como nunca antes, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, é bom lembrar que muito já foi escrito sobre o perfil psicológico dos policiais. Uma das coisas que me fascinaram recentemente foi ler sobre o livro “Police Domestic Violence: Handbook for Victims” (“Violência Doméstica Policial: Manual para Vítimas”, em tradução livre), de Diane Wetendorf, e sobre como "mulheres sofrem violência por parte dos maridos em pelo menos 40% das famílias de policiais". Compare isso com a média nacional dos EUA, já surpreendente, de 25%. Além disso, "o risco de ocorrer violência doméstica em famílias de policiais é de duas a quatro vezes maior do que entre a população em geral", de acordo com a organização Advocates for Human Rights. As implicações destes números são ainda mais graves quando consideramos que as mulheres vítimas de violência perpetrada por policiais têm provavelmente menos chances de relatar seus abusos à polícia e mais chances de enfrentar dificuldades na busca de proteção.
8) Membros do clero. Os escândalos de pedofilia na Igreja Católica custaram à instituição US$3 bilhões em indenizações às vítimas. Os esforços da Igreja para esconder os abusos, frequentemente transferindo predadores sexuais de paróquia em paróquia, são agora amplamente conhecidos. Mas a psicopatia não apresenta fronteiras, e há muitos líderes religiosos não-católicos que parecem ser, no mínimo, narcisistas e, na pior das hipóteses, psicopatas diabólicos.
Joe Navarro, ex-funcionário do FBI, criou uma lista para a revista norte-americana Psychology Today sobre as razões pelas quais psicopatas podem se sentir atraídos pelo clero. Organizações religiosas oferecem acesso fácil às vítimas, uma fonte de recompensas financeiras e a legitimidade de um cargo fixo. Além disso, no caso em que as confissões de "pecados" são necessárias, igrejas oferecem material excelente para o uso de chantagem contra as vítimas.
9) Chef de cozinha. Em uma entrevista à revista norte-americana Vanity Fair, o chef escocês Gordon Ramsay (que não é exatamente o retrato da sanidade) disse: "Chefs são malucos. São almas obcecadas consigo mesmas, delicadas, frágeis e inseguras, totalmente psicopáticas. Todos eles". Ele deve saber do que fala. Além disso, é uma profissão que exige que trabalhem em horários malucos, frequentemente, por muito tempo seguido, em condições que deixariam a maior parte das pessoas loucas. (Você já viu a cozinha de um restaurante movimentado em horário de pico?).
O chef norte-americano Anthony Bourdain sumarizou a coisa toda como resultado de uma pulsão individualista obstinada e de perfeccionismo, combinado com o fato inevitável de ter de lidar com babacas. "Alguns chefs têm de pegar dinheiro emprestado, fazem tudo o que podem, acabam se matando, e o ponto alto da carreira seria trabalhar mais de 100 horas por semana. Por fim, abrem um restaurante e, oito minutos depois da abertura, algum cretino posta no Yelp: 'Pior refeição do mundo'. Dá para entender o motivo pelo qual enlouquecem."
10) Funcionários públicos. Às vezes parece que ser sádico é pré-requisito para trabalhar no serviço público. Com certeza há poder em certos cargos públicos, algo almejado por psicopatas, além da possibilidade de transformar a vida de outra pessoa em um inferno. Enquanto o típico funcionário público provavelmente não é um psicopata, vários assassinos em série notórios nos EUA têm um histórico na área, como Thomas Lee Dillon, que matou cinco pessoas entre 1989 e 1992 e foi funcionário do departamento de águas de Canton, Ohio, por mais de duas décadas, ou David Berkowitz, que matou seis pessoas entre 1976 e 1977, que trabalhou como organizador postal em uma agência dos correios.
Tradução: Henrique Mendes
Texto original publicado no site Alternet.
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