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quinta-feira, 8 de maio de 2014

ELEGIA. A um menino passarinho chamado Jair

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Ouço Jair desde tanto tempo, 
que vasculhando a mente vou encontrá-lo nos arquivos 
de minha infância em Iguatu. 

Na programação da Iracema, anunciado por Antonio Cavalcante e Vasco. 
Era o tempo do 'deixa que digam, que pensem, que falem...' onde Chibatinha, o discotecário da emissora, fazia questão de programá-la
com a concordância da Marlene Teixeira. 

A lembrança de Jair Rodrigues me toma a mão 
e me faz caminhar pelas calçadas do grupo escolar 'doutor Gouvêia', 
que eu frequentaria à época do ginásio Rui Barbosa. 

Quando pintaram os festivais de música, de longe a gente ficava 
esperando o resultado até que 'Disparada' e 'A Banda' empataram. 
Os compactos simples da Phillips, gravados por Jair e Nara Leão, respectivamente, adoçaram as festas de Senhora Sant´Ana, 
ao tempo em que dom Mauro de Alarcon y Santiago era sagrado bispo. 

No "Lembrei-me de Você", o carro-chefe da emissora de Lindenor Osterne,
haja gente a pedir 'Flor Mamãe', com José Leão, no mês de maio -
que, numa manhã só, chegou a ser reprisada mais de 15 vezes
(e tudo era pago para se ouvir, recebido por Ana Maria Barreto e Benedita.

Jair Rodrigues mexeu com o ritmo alucinado dos 'Dois na Bossa"
Elis Regina, as mãos helicopterizadas na defesa de 'Arrastão'
e Jair cantando com uma técnica aprimorada de cantor-cantor;
daqueles que entregam a alma ao canto e mergulham de cabeça. 

O tempo passou. 75 anos depois, eis o nome dele nas manchetes,
falando da comoção brasileira de perder a figura risonha de Jair. 
Passarinho cantador que foi, fugiu da gaiola do corpo 
e deve ter ido cantar em outras esferas 
onde sons e luzes devem ter a sintonia do seu canto. 
Jair. 
Jair..
Jair... 
 
 

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