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domingo, 10 de novembro de 2013

REVISTA. O 'rei'' que derrubou outros temas

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O assunto ainda é o 'rei do camarote'. A ombundsman da Folha destaca em seu comentário de hoje o que o registro da Veja SP acabou causando com a matéria do rico Alexander de Almeida que bombou nas redes sociais e virou até 'choque elétrico' em nosso programa da Tribuna Band News. Eis o que escreve Susana Singer: 

SUJEITO INCRÍVEL
Política fiscal, máfia do ISS, espionagem brasileira... nada disso superou o "rei do camarote" nas redes sociais. Para quem não acompanhou a história: a capa da "Veja São Paulo" da semana passada trazia o empresário Alexander de Almeida, 39, que gasta até R$ 50 mil em uma noitada.
O vídeo em que ele desfia os dez mandamentos para se dar bem --de pedir muita champanhe, mesmo gostando de vodca, a convidar famosos para "agregar valor" ao camarote-- teve mais de 4 milhões de visualizações.
A reportagem provocou indignação, seguida de incredulidade. Primeiro, condenou-se a revista por dar destaque à frivolidade, a "esbanjadores" que "não contribuem para uma sociedade melhor".


É uma crítica compreensível, mas não dá para negar a enorme curiosidade que cerca a vida dos ricos. Além disso, num país de tamanha desigualdade, não deixa de ser relevante expor os extremos.
O vídeo, embora não tenha uma palavra de crítica, faz de Alexander um boçal. Ele aparece dentro do closet recitando nomes de grifes, estacionando sua Ferrari na rua e dançando apoiado em um segurança. A trilha sonora é "The Super Rich Kids" (Frank Ocean). Nenhum repórter aparece, como se tivessem simplesmente ligado a câmara, mas é evidente que alguém orientou a entrevista com um gostinho de veneno nos lábios.
No final, o empresário atribui possíveis críticas à "inveja". A conta, porém, veio bem mais alta. Em um lance que só é possível no admirável mundo novo da internet, Alexander tentou desmentir a reportagem fazendo-se passar por um "meme" de si mesmo. À rádio Bandeirantes disse que aquilo não era "real", mas "uma brincadeira". Não confirmou nem o próprio nome.
Rapidamente se espalhou a versão de que a "Vejinha" tinha sido "trolada", enganada por um personagem inventado pelo "Pânico". A revista respondeu no seu site, provando que a reportagem era verdadeira e que "qualquer semelhança com pessoas reais não era mera coincidência". O rol de problemas de Alexander deve ter crescido, porque a revista revelou que ele perdeu clientes, não aguenta mais ser "zoado" e está com medo de sequestro.
Alexander era o estereótipo tão perfeito do que se acredita que seja um novo-rico que muita gente duvidou que fosse verdade. Na mesma semana, o colunista Antonio Prata criou na Folha um estereótipo de direita, com um discurso extremamente caricato, e muita gente acreditou que fosse verdade. Ele precisou explicar que era ironia.
Tempos estranhos estes em que a imprensa tem que ser explícita sobre o que é real e o que é ficção.

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