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Análise: O papa é pop na Globo
Análise: O papa é pop na Globo
criticado na Record;
canal católico vende recordação
NELSON DE SÁ
DA FOLHA DE SÃO PAULO
DA FOLHA DE SÃO PAULO
Ligada à Universal, a Record repisou exaustivamente as cenas
"exclusivas" de um ataque de tubarão em Recife, para não abrir as
câmeras ao papa Francisco. Recorreu também a uma interminável viagem de
trem por Maranhão e Pará, no "Jornal da Record".
Quando entrou no assunto, afinal, aproveitou para anotar que
manifestantes "reclamam do posicionamento da Igreja Católica sobre o
aborto", destacando que no Uruguai, após a legalização, nenhuma mulher
morreu do procedimento. Não é a primeira vez que a rede evangélica apela
ao aborto para questionar a igreja concorrente.
Por outro lado, a Globo relatou com sorrisos largos a passagem pelas
ruas do Rio, que deixou os fiéis "encantados com a simplicidade do santo
padre", na locução do "Jornal Nacional".
"O papa é pop", dizia uma entrevistada. "Ele é gente como a gente",
acrescentava outro. "A cada esquina ele faz novos amigos", ecoava o
próprio repórter. O tom só mudou um pouco ao abordar o "confronto" entre
manifestantes e policiais.
Ao longo de tarde e noite na Globo News, além dos padres comentaristas
que dão ao canal de notícias um tom católico quase oficial, a
apresentadora Leilane Neubarth anunciou a certa altura que o papa
Francisco alcançou o que buscava: "Todos os corações já estão abertos
para ele".
Entre as emissoras católicas, a Rede Vida foi mais sóbria, como é característica sua.
Já a carismática Canção Nova, entre pedidos de doação de dinheiro e até
ouro nos intervalos, inclusive um que oferecia foto de Francisco em
troca de R$ 20, avisou que quem assistisse às transmissões podia "lucrar
com indulgências".
Explicou serem "graça de Deus" para os vivos ou para quem enfrenta "a purgação final no purgatório".
Das redes nacionais, a que abriu mais espaço à chegada do papa ao Rio
foi a Band. José Luiz Datena narrou ao vivo no "Brasil Urgente", entre
brincadeiras mais ou menos respeitosas, o congestionamento enfrentado
por Francisco na avenida Presidente Vargas.
A seu lado, o filósofo Mário Sérgio Cortella, da PUC-SP, era chamado
para comentar não só "o desprendimento desse argentino humilde", no
dizer do apresentador, mas se os carros da comitiva "erraram o caminho".
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