RÁDIO-REPÓRTER. Agricultura no asfalto

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Um agricultor resolveu ocupar o canteiro central da BR-116 para plantio. Dali ele colhe feijão, milho, batata e macaxeira. O repórter Lucas Leite, da AM DO POVO, fez a curiosa matéria para o 'Grande Jornal Povo-CBN', fez a foto e escreveu o texto abaixo para os leitores do nosso blog. 

EM SE PLANTANDO, TUDO DÁ...

O agricultor Raimundo Freire, 73 anos, natural de Quixadá, município localizado no sertão do Ceará, planta o ‘de comer’ no canteiro central da BR 116. O espaço urbano, agora plantação de feijão, está localizado no quilômetro quatro da rodovia, entre os bairros Jardim das Oliveiras e Tancredo Neves. O local, normalmente, ocupado pelo mato é de responsabilidade do DNIT.

Há quatro mil metros do centro comercial de Fortaleza, este homem do campo enxergou, entre o tráfego intenso de veículos, uma forma de economia e de ocupação do tempo ocioso que a aposentadoria o proporciona. “Quando eu seguro no cabo desta enxada, só escuto o barulho do ferro na areia. Aqui eu faço exercício físico, penso nas coisas da vida e ainda faço minhas contas de matemática. Calculo cada metro da terra pra plantar. Tem hora que me sinto dentro dos matos,” diz.

Há seis anos o local é utilizado pelo ‘seu’ Freire. Já plantou milho, batata e macaxeira. “Este ano ocupei tudo com o feijão”, ressalta.

São mil covas e duas mil sementes em fila tripla, espalhadas num trecho de 500 metros. Com a disposição do sertanejo, ele aproveita o período chuvoso, “a terra aqui é boa, não precisa nem de estrumo,” enfatiza.

Ele segue a mesma rotina que seguia no sertão. Acorda no escuro. Descansa na hora almoço e encerra com o pôr do sol. “No começo das chuvas, eu passo uma semana plantando. Depois é só esperar a vontade de Deus,” orgulha-se, apontando para o verde já plantado.

O sertanejo pretende colher o feijão de corda em quinze dias.

Taí um bom exemplo para as nossas autoridades. Aproveitem somente o canteiro central das rodovias federais deste país continental e deem ‘de comer’ a quem tem fome.

A ideia é de graça, porém antiga. Lembra quando um dos nossos colonizadores disse que: “neste país, em se plantando, tudo dá?”. É vero!