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sexta-feira, 5 de março de 2010

Blog. O do Mourão avalia o fim do regional


SÓ TEM UM BRASIL?

Se eu ligo o rádio, pela manhã, bato de cara com uma cadeia nacional. Todo mundo tem aquele sotaque pasteurizado. Os programas regionais foram desaparecendo. Pouco escutamos sobre nós mesmos. Os noticiários trazem relatos precisos de como está, naquele momento, o trânsito nas marginais do Tietê, quando eu vou é para Messejana…

Se entro num supermercado, atrás de pitomba, ciriguela ou murici, os atendentes acham graça. Nem sabem o que é. Nenhuma referência. Essa semana, eu procurei por manga. A resposta do moço: “Tem mas está faltando!“

Se eu vou a uma livraria buscar um texto local, de um escritor cearense, inútil procura. As livrarias são todas interligadas a um “sistema“ nacional. E a resposta será: “Nosso sistema não registra esse nome, senhor!“. Até o jeito da mocinha falar é pasteurizado…

Se ligo a TV, quase todos os canais funcionam em rede nacional. Os falares, tudo ficou no mesmo padrão. (Até o nome da moça: Ana Paula Padrão!). Afinal, aonde eu estou?

A dominação cultural, no Brasil, faz-se de modo acintoso. Ela vem arrastando tudo. Feito tsunami. Há uma nítida prevalência do eixo Rio – São Paulo. E, tudo que estiver fora desse eixo é tido como atrasado, caipira, retrógrado, baianada, gente do Norte… sei lá o quê. Instituiu-se que bom é o que vem de fora. O resto do País tem que copiar…

Ora bolas, estamos numa federação - República Federativa do Brasil – cada um precisa ter respeitadas suas particularidades. Isto é, os estados, as regiões possuem suas singularidades e precisam expressá-las. Na verdade, essa é a nossa grande riqueza.

O massacre é cruel. Elimina tudo que possa representar diversidade, originalidade. Vira o país do credo único. Até um crime de natureza “x“, que ocorre em São Paulo, os jornalistas daqui, imediatamente, vão - a todo custo! – descobrir um “caso“ semelhante no Ceará.

Muitas vezes, eu fico pensando em ir embora do Brasil e voltar para o meu Ceará… Pois, meu país mesmo é o Ceará, onde estão enterrados os meus mortos.

E, no Ceará não tinha disso não!

Do blog do Mourão

Um comentário:

José de Arimatéa dos Santos disse...

Moro aqui na amazônia, Rondônia. Como o estado é novo, praticamente não tem ainda uma cultura própria. Só na capital Porto Velho por ser uma das cidades mais antigas tem suas manifestações bem claras e definidas que caracterizam a amazônia.
Fora isso a cultura é toda praticamente "exportada" do sul do país. Rodeios, motocross e músicas impostas pela mídia televisiva do eixo Rio- Sampa.
Como cearense sofro com o descaso com as notícias veiculadas na mídia do eixo. Quando falam do Ceará é de forma jocosa com o nosso jeito de falar e de nossa alegria tão peculiar. Devemos lutar para que nossos valores sejam presevados mesmos.Brilhante o nosso Dr. Mourão, parabéns!