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quinta-feira, 18 de junho de 2009

O que eles falam a respeito do fim do diploma



Ilustração Gabriel Campanario



Carla Soraya, jornalista: Futuro negro e incerto para a democracia. Quando o erro desta decisão for percebido, muitos estragos terão sido cometidos. Assim é a humanidade. E como fomos comparados a cozinheiros, só resta agora tirar o diploma da parede e colocar em uma frigideira ou panela de pressão. Quem sabe dá um caldo para alimentar o ego das celebridades instantâneas!

Nonato, só queria complementar que esta situação não é diferente do que se esperava, mas como brasileiros tínhamos esperança que não se concretizasse e nosso esforço em uma faculdade fosse válido. Mas aqui no Brasil o fato do técnico substituir o profissional diplomado não é novo. Protético fazem o papel de dentistas, principalmente nas eleições; o optometrista receita óculos no lugar do oftalmologista, a esteticista faz o mesmo trabalho de um dermatologista, o balconista da farmácia receita medicamentos...Muita gente se denomina doutor sem ter a qualificação para isto(faculdade ou doutorado) E tudo é aceito.

Anônimo: Mas veja Nonato, por exemplo, no que resultou finalmente a aquiescência dos jornalistas profissionais em tolerar e dividir o espaço nas redações com essa turma paraquedista... E você mesmo, fez e faz isso há tanto tempo, onde conviveu e convive e até defendia e elogia esse pessoal... O castigo veio a cavalo... O STF assassinou a Constituição, mas a queda da exigência do diploma de graduação universitária para o exercício do jornalismo também teve, em seu processo histórico, a ajuda dos que sempre fecharam os olhos para os que vilipendiavam os direitos da categoria.

Roberio Lessa: Como jornalista formado pelo Curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará, não poderia me deixar calar diante de tamanha falta de bom senso do Supremo com relação ao fim do diploma obrigatório para o exercício da atividade jornalística. Diante desse terrível precedente, só me resta lamentar a decisão daqueles que deveriam ter pensado melhor sobre uma categoria que luta há muito pela defesa da democracia e por fazer valer o direito de expressar as diversas opiniões de uma sociedade.

Se com a presença de jornalistas nas redações ainda temos exemplos danosos à sociedade quando um poder se sobrepõe ao fato verdadeiro. O que devemos esperar de uma imprensa que será feita por pessoas que sequer ouviram falar no preceito básico do jornalismo que é o de checar e ouvir os dois lados de uma história?

Simone Nunes:com essa decisao do Supremo,breve será iniciado o processo de mediocrização da midia.

Janio Alcantara: Não consigo imaginar o que é ficar pior do que está, em relação às irresponsabilidades que os jornalistas formados cometem, com aval de seus empregadores - nem sempre jornalistas. Lembro do episódio "Escola Base", onde a imprensa execrou um casal de inocentes, antes bem-sucedidos e hoje quase na miséria.
Apesar disto, concordo que vai ficar pior sem a obrigatoriedade da formação superior. Só não consigo imaginar o que virá por aí.

Fco. Djacyr Souza: Realmente, a Justiça é cega... Vemos a cada dia provas incontestáveis de que a Justiça no Brasil é cega para alguns casos e de visão aguçada quando interessa aos interesses dos Poderosos ou dos que dominam o Poder. Afinal os juizes, desembargadores e demais representantes da Lei fazem parte de uma classe que não é popular, pois em muitos casos não cumprem horário de trabalho, não tem metas a serem atingidas nem ganham salários de miséria como a maioria dos brasileiros, desse jeito fica fácil julgar processos e dar sempre ganho de causa aos Poderosos de plantão. Hoje o povo tem um problema: não pode confiar em quem faz a lei ( Classe política) nem em quem zela pelo seu cumprimento pois sentimos que não há sintonia entre o Poder Judiciário e os interesses populares.
Na última decisão do Supremo Tribunal Federal em destruir a necessidade de diploma para exercício da profissão de jornalista vemos argumentos absurdos com comparar jornalista a costureira e cozinheiro. Claro que o ser humano tem talentos , mas será que os senhores juízes confiariam em se deixar ser operado por um médico apenas prático ou será que seus tribunais poderiam ser preenchidos por rábulas. O Judiciário tem sim problemas e certamente não estão em sintonia nem com os interesses populares nem com os movimentos sociais que tanto lutaram por democracia, ética e respeito aos seres humanos. As decisões judiciais ora em questão são aplicadas não pela pressão popular que ainda dorme em berço esplêndio, mas pelos que dominam o poder sempre ávidos, ágeis e fortes na pressão e nos lobbys que vivenciamos no dia - a - dia.
Outro problema que constatamos é que faltou mobilização popular,. falta aos jornalistas o pé - no - chão e um movimento realmente de massa não só pela exigência do diploma , mas por sua qualidade, pois infelizmente temos jornalistas que são apenas jornalistazinhos. É preciso que o modo de fazer jornalismo seja mudado e a imprensa fale o linguajar do povo, para que quando dele precisar para mobilizações, lutas ou defesa de interesses do jornalismo e das causas populares possa encontrar aliados e cúmplices que nenhum juiz conseguirá derrubar. A democracia da comunicação deve ser fortalecida e o mundo jornalísitico deve ficar à serviço do povo buscando o entendimento de que a pauta deve ser efetuada pela essência viva do movimento popular. Jornalista não deve ser pautado pelos interesses dos proprietários dos jornais nem por quem paga publicidade, jornalista deve buscar e fazer informação pura, verdadeira e desatrelada para o bem do jornalismo e da sociedade.
É importante que os jornalistas e a Sociedade em Geral se rebelem contra este poder tão grande dos magistrados que hoje decidem vidas, trucidam os movimentos populares ( ilegalidade de greves ) e tal com Midas tocam no povo e os transformam em ouro de tolo.

5 comentários:

Alberto de Oliveira disse...

Curioso o nosso país. Temos três poderes constituidos e em teoria distintos mas o legislativo, por exemplo, não legisla por absoluta falta de tempo. Quando não está voando pratica traquinagens e em seguida ocupa-se em explicá-las.

Resultado: O poder executivo aproveita e lhe enfia medida provisória em série e o judiciário decide sobre tudo, mesmo enquanto ensaia um "papinho de lavadeira" bem descontraido sobre o elogio ao respeito.

Estamos todos sob a batuta dos tribunais. Qual terá sido o crime que cometemos?

Carla Soraya disse...

Nonato, só queria complementar que esta situação não é diferente do que se esperava, mas como brasileiros tínhamos esperança que não se concretizasse e nosso esforço em uma faculdade fosse válido. Mas aqui no Brasil o fato do técnico substituir o profissional diplomado não é novo. Protético fazem o papel de dentistas, principalmente nas eleições; o optometrista receita óculos no lugar do oftalmologista, a esteticista faz o mesmo trabalho de um dermatologista, o balconista da farmácia receita medicamentos...Muita gente se denomina doutor sem ter a qualificação para isto(faculdade ou doutorado) E tudo é aceito.

Blog Blogspot disse...

A Rede Globo enviou na tarde desta quinta-feira, dia 18 de junho, comunicado sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal no caso da obrigatoriedade do Diploma para exercício do jornalismo. Confira abaixo a íntegra do documento:

"A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o diploma de jornalista é bem-vinda. Ela atesta como legal situação vivida por órgãos de imprensa, que, há anos, têm na sua equipe especialistas de outras áreas, com talento reconhecido, mas que não se formaram na profissão. Quaisquer que sejam as interpretações sobre a decisão do STF, porém, para nós das Organizações Globo nada mudará. Reconhecemos como fundamental o trabalho feito pelas Escolas de Comunicação Social no país e continuaremos a buscar nelas os nossos profissionais de jornalismo. Estes, para exercerem bem as suas atribuições, dependem de um conjunto de técnicas e conhecimentos que tem nas Escolas de Comunicação o seu melhor centro de difusão. Essa crença nunca esteve em conflito com a nossa postura de buscar especialistas de outras áreas que possam enriquecer nossos jornais, revistas, programas jornalísticos em rádio e TV e sites da internet. A decisão do STF apenas ratifica uma prática que sempre foi nossa.

João Roberto Marinho"
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O que diz, Nonato?
Achei bom senso do Marinho. Vamos ver como será na prática, a partir de agora.

David Gouveia disse...

O Supremo Tribunal Federal abriu precedente para que outras carreiras com pre-requisito do diploma ( formação de nível superior) passem a prescindir deste diferencial. Com os jornalistas, a carreira foi comparada a de um cozinheiro. E quando for a vez de um médico? Ou de um advogado? Duvido que alguem consiga se habilitar junto a OAB- mediante o exame de ordem- sem frequentar o banco da faculdade de Direito. Sou advogado, a cada dia que passa me entristeço com a danosa atuação da SUPREMA CORTE, posto que Esta devia servir de exemplo a todos os outros "poderes" da República. Aconselho aos jornalistas de coração, sobretudo profissionais, que continuem a incentivar a formação acadêmica regular, para que só então se busque o mercado de trabalho. Quem é bom, balança, enverga mas não quebra. Amigos, não nos deixemos nivelar por baixo.

Carvalho disse...

Perguntar não ofende:

Qual a universidade, faculdade ou curso que ensina a se ter TALENTO? Quem ensina a arte de se narrar um jogo de futebol? Então para ser um excelente escritor, ou comentarista, ou apresentador, ou narrador, ou repórter, terei que ter um diploma? Se não, o simples fato de ser, de ter TALENTO não conta?
Até por que, as nossas emissoras Cearenses de tv e rádio, estão abarrotadas de “Jornalistas com diploma” que todos os dias apresentam programas medíocres, que estão no AR por conta de relações de amizades com quem manda na emissora, mesmo sendo detentores de diplomas, se não se submeterem aos caprichos serão substituídos por outros diplomados...
O fato de o STF ter julgado a favor da não exigência de diploma, não quer dizer que os cursos irão acabar, pelo contrario, eles continuam, o que muda, é que as emissoras e jornais não serão mais obrigados a contratar incompetentes somente pelo fato de serem diplomas, e por conta da falta do diploma, deixar de contratar profissionais competentes, foi apenas isso que mudou.
Viva a democracia, viva a liberdade de pensamento, viva a imprensa livre.
Viva aos radialistas que mesmo sem diploma de jornalista, apresentam seus programas noticiosos e participam do dia-a-dia de suas cidades, sendo de fato, os maiores protagonistas da comunicação.