Um lar onde todo dia se vive o Natal cristão

Em Fortaleza, tem uma casa que convive com o espírito natalino o ano inteiro. É o Lar da Divina Providência. A convite do amigo Roberto Studart, do Hospital Geral de Messejana, fui conhecê-lo. Fica no Barro Duro, na rua José Júlio Feitosa, 479, na Lagoa Redonda.

Foi lá que conheci o Irmão Waldir. Ele é frade capuchinho. Há quase duas décadas dirige um trabalho social que, maioria de nós cristãos, não temos coragem de abraçar: cuidar dos pobres e estropiados que são largados pelas ruas. Deixados pelas famílias.

Com apenas o salário de professor, irmão Waldir construiu um lar para recolher essa gente. Nele estão abrigados atualmente 22 pessoas. Todas carentes.

São idosos, vítimas de acidentes de trânsito que perderam a memória, ex-trabalhadores que tiveram AVC e perderam a coordenação motora; adolescentes que sofreram com a violência urbana, gente que veio do interior para tratamento e ao receber alta foi jogada no olho da rua.

Hoje foi a festa de Natal dessa gente, muito embora o ano inteiro eles convivam com o verdadeiro espírito da festa cristã, através desse mensageiro de Deus.

No início, ele convivia com mais sete outros frades numa favela que começou a ser urbanizada a partir da presença deles naquele bairro. Com o tempo e as muitas dificuldades, os outros religiosos foram indo embora. Ficou irmão Waldir, sozinho, enfrentando com coragem a sua missão.

Ele nos contou que a ordem religiosa chegou a oferecer uma bolsa de estudos para que ele fosse para Roma, realizar cursos, deixando a idéia de conviver com tanta dificuldade num meio violento como era o lugar. Mas ele, recusou todas as ofertas.

"A dor desses irmãos me reclamava aqui", resume ele. Com empréstimos feitos para o pagamento com o seu salário de professor, irmão Waldir construiu a sede onde hoje está instalado o Lar da Divina Providência.

Quando lhe pergunto com que recursos a instituição sobrevive - para as despesas com luz, água, comida para todos -, o frade abre um sorriso naquele seu rosto de lua cheia e diz: "Deus sempre faz chegar", relacionando a ajuda das pessoas que descobrem o seu trabalho e vêem nele nada mais, nada menos que um fiel representante do movimento franciscano nos dias de hoje. Um cristão, como poucos.