Translate

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A apresentadora cujo nome rima com humana

* Confesso que vi. Uma apresentadora de competência emocionar-se diante das câmeras de tv, enquanto fazia o jornal ao vivo. E isso lembrou-me aquela velha e equivocada lição de outros tempos, de que nesse 'metiér', o jornalista não poderia nunca sair de sua 'normalidade'. Como se não fôssemos sensíveis.

* Foi na edição do Jornal Jangadeiro, de agora há pouco. Juliana Castanha, acompanhava do estúdio a reportagem feita pelo Barra, com um paciente que recebera um coração e ela se tocou com a colocação feita por ele. Quando o jornal entrou no ar, seus olhos ainda estavam marcados pela forte emoção e ao anunciar matéria relacionada a transplantes, sua voz embargou.

* Como precisara deixar a bancada, seu companheiro de apresentação, Reginaldo Aguiar, explicou que tudo aquilo evocara nela, a luta travada há poucos meses por seu pai para viver e que não alcançara sucesso devido a falta de um doador.

* Fora do estúdio, Juliana tentava se recompor, com ajuda de companheiros da emissora que acorreram para auxiliá-la. Nessas ocasiões, a solidariedade é virtude reveladora de almas que estão em progresso.

* Fiquei a me lembrar de uma reportagem feita pelo Fantástico, há muito tempo, por um repórter da Globo. Ele chorou na matéria diante da cena de uma criança que, em plena seca nordestina, fazia dos ossos de animais os seus brinquedos.

* Na época, estudante da UFC, lembro-me de ter ouvido na sala do Curso de Comunicação, alguém censurar a atitude do repórter, "que ninguém jamais deve fazer esse tipo de demonstração", ao que eu retruquei, com a afirmativa de que somos humanos.

* O padrão global, que insistentemente tem colocado apresentadores como se fossem meros bonecos sem alterar-se diante do emocionável - o casal Bonner e Fátima Bernardes, tenta fugir um pouco desse modelo -, criou a cultura da insensibilidade por parte dos que lidam com a informação. Mas a (equivocada) lição não ganhou muitos adeptos.

* Hoje eu redescobri um ser humano apresentando um telejornal. Que não fugiu à demonstração viva de expor as saudades de um ente querido que partiu dessa dimensão ainda há pouco. A explicação de Reginaldo foi preciosa.

* Emocionar-se, assim, é atestado de grandeza humana. Só uma estreiteza de pensamento pode considerá-la inoportuna. Juliana chorou. Como chorámos todos, diante da esperança do pequeno Cauã - há 4 anos, aguardando a benção de um doador que o permita continuar no mundo.

* Como chorámos todos, os que se emocionaram com o transplantado que ocupou o final do Barra Pesada e fez um verdadeiro elogio à Vida. E à dignidade de todos aqueles que se fazem humanos. Como Juliana.

13 comentários:

Anônimo disse...

Nonato, o repórter que chorou , se não me engano, foi o nosso Egidio Serpa. bj,Ian Gomes

Anônimo disse...

Belíssimo final do Barra Pesada, gente. Fiquei tão emocionada com a história da criança e o rapaz que falou tão bem no final. Parabéns ao canal 12 pela nova forma do programa que faz nos sentir gente. E a mocinha que chorou, parabéns. Humanos somos; humanos seremos.

Anônimo disse...

O Barra está muito bom. mais humano.

Anônimo disse...

Nonato, infelizmente não pude assistir ao Jornal Jangadeiro. Você podia disponibilizar para os leitores do Gente de Mídia?

Já gostava da Juliana, agora gosto mais ainda!

Nonato Albuquerque disse...

O Chagas acaba de me telefonar conirmando que vai disponibilizar o vídeo. Aguarde

Nonato Albuquerque disse...

Correção: disponibilizar

Nonato Albuquerque disse...

Recorregindo: o erro é em CONFIRMANDO

Anônimo disse...

kkk...
E eu tentando entender a correção do disponibilizar!
kkkk

Dê o meu obrigado ao Chagas!

Anônimo disse...

Nonato, lendo você voltei ao debate de hoje no grupo de amigos das tardinhas de sexta, uma feliz conquista nesses tempos de poucos encontros. Falávamos justamente sobre o que pode representar para gerações futuras esses dias de tantas incertezas. Defendi lá, e defendo aqui, que estamos vivendo algo novo no que toca a busca por um ser novo. Essa confusão expressa e explícita, que para alguns pode representar um abismo, me parece mais uma negação de um modelos anteriores que não nos servem mais. Por mais contraditório que seja, toda essa onda de individualidades exacerbadas há se transformar em valorização do indivíduo. Eu acredito na desconstrução que faz surgir novas formas de lidar com o que há de mais humano em nós. Precisamos disso.

Nonato Albuquerque disse...

Pois é Maísa, quando se descontrói o que está erguido sobre alicerces equivocados, a gente caminha mais e mais - para dentro de nós mesmos. O velho Paulo (o santo) já dizia ser necessário 'matar' o homem velho. Fazer nascer o Homem Novo.

Anônimo disse...

Acabei de assistir aqui no blog a narrativa emocionante da jovem da tv jangadeiro. Muito emocio9nante. Que coisa linda. Mostrou que tem sentimento. Meu abraço para ela.

Liane Medeiros
Rua D. Rego de Medeiros

Anônimo disse...

Eu não conhecia a Juliana. Passei a admirá-la agora, depois que li esse comentário. Vê-la no vídeo desnudando sua alma, significa para mim um elo de solidariedade. Afinal, no dia que perdi meu pai e chorei no trabalho no trato com um cliente, meu chefe quase me deu as contas. Tranquei o choro dias e dias.
É que eu trabalho como telefonista numa empresa de callcenter. E ao receber um telefonema na empresa, minha voz se embargou ao atender a um cliente que mostrou sensibilidade para comigo. O meu chefe ouviu e me repreendeu.
Juliana, toda minha admiração.

Anônimo disse...

O repórter que chorou foi João Batista Olivi.
Segue o link da matéria exibida no Fantástico:
http://www.youtube.com/watch?v=-nh4PhMPjpw