segunda-feira, 29 de abril de 2024

NOMES. A morte da cearense que criou o "Orélio Cearense"

 A coluna obituário da Folha de São Paulo somente hoje registra a morte da cearense Andréa Saraiva, ocorrida no dia 6 de março em Salvador. Para quem não ligou o nome à pessoa, ela é autora do livro "Orélio Cearense", um dicionario que explica o jeito da gente aqui no Ceará falar. 


"Trata-se de uma fotografia da linguagem coloquial falada no Ceará em formato de dicionário romanceado e ilustrado. Mas cá pra nós, a intenção mesmo do bichim é ajudar os cearenses a cumprirem a missão de dominar o mundo", definiu a autora.

Andréa nasceu em Senador Pompeu (CE), em 1969, e foi criada em Tauá (CE), para onde foram os pais quando ela tinha um ano. A infância de menina levada, que subia em árvores e cavalgava, resultou em diversos acidentes e muitas idas ao hospital.

Para fazer o ensino médio teve que ir para Fortaleza, onde morou com tios. Na escola, já demonstrava talento com as artes, era boa em redação e organizava eventos.

Começou o curso de serviço social na Universidade Estadual do Ceará, porém não o concluiu. Em 2002, ingressou em história na mesma instituição, onde se formou.

Andréa era uma verdadeira agitadora cultural do Ceará. Produziu dezenas de projetos e ofereceu formações na área. Como autora, também publicou o e-book "Existe Vida Além de Editais?".

"Ela costumava dizer que sua cabeça era uma usina de projetos, sempre gerando novas ideias e planos", conta a viúva, Danyely Araújo, 47.

Foi diretora da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza, quando produziu a primeira Conferência Municipal de Cultura. Era também mobilizadora do pré-Carnaval da cidade.

Lulista, se envolveu com política desde a primeira candidatura do petista, em 1989. Esteve na vanguarda da esquerda cearense, no movimento Democracia Socialista.

Recebeu o prêmio Mulheres de Destaque 1999, da Câmara Municipal de Fortaleza, e em 2005 assumiu a cadeira 23 da Academia Tauense de Letras.

Andréa gostava de cozinhar para visitas e cuidar do jardim. Tinha hábitos noturnos e fazia tudo ao som de uma trilha sonora cuidadosamente selecionada.

"Ao mesmo tempo que era amorosa ao extremo, também tinha uma verve poderosa e seus argumentos eram difíceis de serem rebatidos, pela inteligência afiada e raciocínio rápido", afirma a companheira, com quem viveu 11 anos.

Morreu no dia 6 de março, aos 54 anos, vítima de uma infecção durante o tratamento de um câncer de intestino. Deixa a mulher, os irmãos Anatália, 58, Trícia, 53, e Herlon, 50, e 13 sobrinhos. Ficaram também sua cadela Chica e seus gatinhos Petit e Belinha.

Obituários do mês de abril de 2024 

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