A ideia de escrever e publicar um livro-reportagem sobre o enfrentamento à Covid-19 no Ceará partiu do pressuposto de que se faz necessário documentar, em perspectiva histórica, o drama enfrentado nos últimos meses pelo conjunto da sociedade, de forma dolorosamente trágica, a partir dos relatos e experiências vividas por gestores, profissionais de saúde, pacientes e familiares das milhares de vítimas afetadas pela epidemia. Quando fui convidado a assumir a autoria do trabalho, aceitei o encargo com entusiasmo e consciente da responsabilidade social que a tarefa envolvia. Afinal, perdi amigos queridos e tive familiares muito próximos internados pelos efeitos da doença. Contudo, diante de interpretações e ilações as mais diversas, publicadas na imprensa e repercutidas por canais de divulgação online — algumas delas levianas, que buscaram atingir-me o nome e a reputação —, decidi solicitar ao Governo do Estado do Ceará e à empresa Soter Designer o meu afastamento pessoal e profissional do projeto. Esclareço que meu trabalho e o de minha equipe de repórteres e pesquisadores — que consistia na pesquisa e redação do texto — representaria cerca de 30% do valor orçado e celebrado em contrato entre o governo e a empresa acima mencionada, correspondendo o custo dos demais 70% a outros itens da produção gráfica e editorial do livro, sobre os quais eu não teria nenhum poder de decisão, ingerência ou responsabilidade, por estarem fora da alçada de minhas funções e competências como jornalista e escritor. Por fim, reafirmo que, após décadas de profissão na imprensa e no mercado editorial, meu nome é o único patrimônio de que disponho.
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