terça-feira, 14 de abril de 2020

TV. Record pede moratória e foge das obrigações trabalhistas

A TV Record deu entrada na 1ª Vara do Trabalho da Capital (SP) com pedido de suspensão do pagamento de dívidas judiciais trabalhistas sem juros ou multas, aproveitando o recente decreto do governo que flexibilizou os contratos de trabalho devido aos impactos negativos do novo coronavírus (Covid-19). 

A notícia está no JB desta terça feira: 


A Rede Globo vem passando por sérias dificuldades, e a eleição de Jair Bolsonaro, com apoio das igrejas evangélicas, seria a pá-de-cal na "Globo lixo", como eles chamam a emissora do Jardim Botânico, festejaram os bolsonaristas, contando com a transferência de verbas publicitárias do governo federal da emissora líder de audiência e de faturamento para a rede do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.
A Globo, que pediu moratória em 2002, quando a eleição de Lula levou o dólar a R$ 4,00, passa por dificuldades. Suspendeu a maior parte das atividades nos Estúdios Globo (ex-Projac) e o faturamento cai a cada dia. O rombo estimado do grupo este ano passa de R$ 3 bilhões.
Mas o tiro saiu pela culatra: quem pediu moratória de 90 dias de suas obrigações trabalhistas foi a Rede Record.
Na semana passada, a emissora controlada pela IURD do bispo Macedo deu entrada na 1ª Vara do Trabalho da Capital (SP) com pedido de suspensão do pagamento de dívidas judiciais trabalhistas sem juros ou multas, aproveitando o recente decreto do governo que flexibilizou os contratos de trabalho devido aos impactos negativos do novo coronavírus (Covid-19).
Na petição, os advogados da emissora alegam que os efeitos da pandemia na atividade econômica e a suspensão das filmagens de algumas novelas da Record levaram uma parte de seus 249 anunciantes, entre os quais gigantes como Bradesco, Toyota, Banco do Brasil e Ambev, a cancelar inserções comerciais ou suspender a veiculação de propagandas. Muitos contratos estão com seus valores sendo renegociados. Para bem mais abaixo.
Percebe-se agora o enorme empenho do bispo Edir Macedo e outras lideranças religiosas, como o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, em conseguir do presidente Bolsonaro o decreto considerando que os cultos religiosos eram atividades essenciais.
Vale lembrar que Edir Macedo, que tem residência na Flórida, tinha desdenhado do vírus e conclamado os fiéis a continuarem frequentando e dando dízimos nas igrejas da IURD: ele chegou a dizer que o vírus era "Satanás, uma das faces disfarçadas de Satanás”, que seria vencido pela fé.
Mas com as finanças combalidas, a IURD não pode ajudar a Record e a saída foi usar as facilidades da flexibilização das relações do trabalho para apelar para a moratória. Azar de uma ex-funcionária que tinha ganho um processo de quase R$ 3 milhões. Terá de esperar até agosto/setembro.

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