Ricardo Kelmer, 2015
Cada empresa de mídia tem seus interesses próprios e sempre tenderá a noticiar os fatos pelo ângulo e intensidade que lhe forem mais vantajosos, ou sequer os noticiará, fingindo que nada acontece. Elas têm esse direito, claro, até porque a total imparcialidade jornalística é algo que não existe, principalmente quando se trata de política. Em alguns casos, porém, o problema não é o ângulo, é a distorção do fato, ou seja, a mentira jornalística, o que é algo muito grave.
Caso deseje garantir para si próprio informações mais honestas, o cidadão só tem um caminho: pesquisar. Ele deve ter sempre em mente que a informação é um produto como outro qualquer, e que somente comparando as várias versões possíveis de um fato é que será possível adquirir uma compreensão mais abrangente da realidade.
O mercado da informação rende muito, muito dinheiro. Os grupos que o dominam convencem mais facilmente os políticos a defenderem leis que lhes beneficiam. Quanto mais poderoso é um grupo de mídia, mais ele pode influenciar eleições e direcionar os rumos de um país. Não é à toa que a imprensa é chamada de “o quarto poder”. Por isso, o ideal para a democracia é que esse imenso poder da mídia não se concentre nas mãos de poucos, e que a população tenha fácil acesso às várias versões possíveis dos fatos.
No Brasil, o mercado de mídia é bastante concentrado, principalmente por Rede Globo, Folha de São Paulo e Editora Abril, que dominam vários segmentos da mídia impressa e eletrônica, produzindo, distribuindo e exibindo informação e cultura. Como essas empresas também têm suas ideologias e preferências políticas, a versão dos fatos que elas apresentam todo dia para milhões de brasileiros obviamente jamais irá contra seus interesses, e em nome destes às vezes é preferível omitir, confundir e desinformar do que efetivamente esclarecer. É por isso que elas lutam contra a regulação da mídia no Brasil (tentando falsamente associá-la à censura, por exemplo), pois sabem que a regulação ocasionará, entre outras coisas, uma maior divisão de forças no mercado da informação, assim como ocorre nas grandes democracias, como França, Alemanha e Estados Unidos. Se o Brasil prosseguir avançando na consolidação de sua democracia, a regulação desse mercado acontecerá em breve, mas, independente disso, o que cabe ao cidadão é agir como o bom consumidor: pesquisar sempre antes de comprar, ou melhor, de acreditar.
Ao fim do texto seguem algumas sugestões para o consumidor que não se contenta apenas com as versões dos fatos vendidas pelos poderosos do mercado. Quem tiver outras, fique à vontade para sugerir, afinal quanto mais opções, melhor. Melhor para o consumidor, claro.
Sugestões:
Observatório da Imprensa – Congresso em Foco
Diário do Centro do Mundo – Revista Fórum
Jornal GGN – Carta Capital – Vi o Mundo
Observatório da Imprensa – Congresso em Foco
Diário do Centro do Mundo – Revista Fórum
Jornal GGN – Carta Capital – Vi o Mundo
CHARGE: Argumento: Ricardo Kelmer. Desenho: Fernando Vasqs
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Os profissionais da imprensa não tem liberdade de expressão. Acredito que a informação não deveria ser um produto.
ResponderExcluirEu compreendi o texto, que por sinal, é ótimo.
Ley de Médios já, coisa que existe em vários Países sérios. Mas por aqui é melhor não ser sério, diz a Mídia podre.
ResponderExcluirInfelizmente a velha mídia(Veja, Folha, Globo...) ficou no tempo e não é de hoje que não faz o contraponto. Enveredaram-se por um caminho tortuoso da denúncia, a maioria das vezes, vazia. Basta ver o tanto pedido de desculpas no episódio do filho do ex-presidente Lula. Ainda bem que temos a internet onde podemos pesquisar e ter a oportunidade de escrever nos blogs e dar nossa opinião.
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