domingo, 9 de agosto de 2015

JORNAIS. E o que diz a ombubdman sobre caso Romário?


Como se posicionou a ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins, em relação ao caso Romário que a Veja errou: 

O extrato falso de Romário.


"Veja" pediu desculpas e revisa a apuração do caso; o jornalismo só tem a ganhar se o resultado vier a público
Resumo para quem esteve em coma ou em Marte nos últimos dias: há pouco mais de duas semanas, "Veja" publicou cópia de um suposto extrato do banco suíço BSI que atribuía ao ex-jogador e hoje senador Romário Faria (PSB-RJ) uma conta com saldo de R$ 7,5 milhões. Ter dinheiro no exterior não é problema, desde que montante seja declarado à Receita Federal e, se o dono for político, à Justiça Eleitoral. A conta em questão não cumpria nenhuma dessas exigências.

Quem acompanha os discursos do Congresso sabe que no plenário só há inocentes. Como todo "homo brasiliensis", o ex-atacante também negou, mas partiu ativamente para a defesa: pegou um voo para a Suíça e de lá voltou com um documento atestando que o extrato era falso e que aquela conta não era dele. O próprio BSI solicitou ao Ministério Público de Genebra que apure a autoria do crime de falsificação.
Em nota na quarta (5), "Veja" pediu desculpas a Romário e aos leitores e anunciou que está revisando passo a passo o processo de apuração. Torço muito para que a revista torne público o resultado. Refazer o caminho percorrido, desnudar o ponto do tropeço e, onde houve dano, pedir desculpas são passos imprescindíveis de um processo penoso, mas profundamente didático: fortalece os controles profissionais, obriga o jornalista a aparar sua arrogância e, creio, é um roteiro mais eficiente para manter a confiança do leitor do que tentar disfarçar o erro ou menosprezar sua importância.
Tenho a convicção (ingênua?) de que discutir erros e procedimentos às claras ajuda a combater um certo pensamento simplório de que a grande imprensa dá informação errada de propósito, para atender interesses escusos –como se ela mesma não pagasse por isso, em perda de credibilidade e de dinheiro. Nenhum veículo está livre de episódios de jornalismo ruim, mas é a forma como lida com isso que traça a diferença entre quem serve ao leitor e quem serve a outros interesses.
Romário, que anuncia pedido de R$ 75 milhões de indenização à "Veja", diz que não ficou totalmente surpreso. "Eu sabia que isso viria. Assumi a presidência da CPI do Futebol, e as pesquisas mostram meu nome à frente na disputa pela Prefeitura do Rio." São razões suficientes para ser catapultado ao mundo pantanoso dos falsos dossiês.
Neófito na política, o senador diz não ter ideia de onde pode ter surgido o falso extrato. "Quem passou a ficha foi alguém que, em princípio, deve ser da confiança deles [os repórteres da "Veja"]. São eles que têm que dar o nome, mas não sei se vão fazer isso", afirmou à coluna. Eu também não, mas aplaudiria se o fizessem. A revelação do trapaceiro escancararia de quem foi o blefe.
O caso guarda similaridade com um erro que desabou sobre a Folha em 2009, quando o jornal publicou, atribuindo ao Dops, uma ficha criminal que relacionava a então ministra e pré-candidata Dilma Rousseff ao planejamento de ações armadas (leia reconstituição emhttp://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u556855.shtml). O papel também era fraudado.
"O que acho que ficou mais claro ainda para mim: documento não é solução; é a coisa mais falsificável e falsificada de todos os tempos", afirmou à ombudsman Eurípedes Alcântara, diretor de Redação da "Veja". "Por maior que seja a certeza do repórter sobre a origem e a autenticidade, o documento é só o começo de um processo bem mais complexo de apuração. Pode ocorrer –e não estou sequer cogitando ser esse o caso do extrato– que a verdadeira história esteja em como o documento saiu de um HD ou de um arquivo na nuvem, ganhou pernas e chegou ao jornalista."
Alcântara diz que, de certa maneira, o jornalismo funciona como as montadoras de veículos. "Elas dependem de fornecedores. Nós dependemos de fontes. Quando um fornecedor, por alguma razão, entrega um lote de peças defeituosas, a montadora faz imediatamente um 'recall'. Não adianta limitar-se a culpar o fornecedor. O reconhecimento rápido, público e sem rodeios do erro equivale no jornalismo ao 'recall' das montadoras. O leitor confia em nós, não nas nossas fontes." Então, é por essa confiança que ele merece conhecer todo o enredo.

2 comentários:

  1. Esta revista ÓIA planta notícias, inventa. Há muito não compro, nem leio quando em escritório, Clíncas etc me deparo com ela. Lixo e burro será Romário se perdoar, se não processá-la.

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