A coluna de obituário da Folha de São Paulo cita sempre ainda que desatualizado, o registro da morte de figuras importantes do cotidiano brasileiro. Hoje, por exemplo dá destaque à morte do padre Gotardo Lemos, sacerdote que faleceu na última quinta feira.
"Padre Gotardo Lemos queria fazer uma homenagem ao papa João Paulo 2º durante a passagem do pontífice por Fortaleza, em 1980. Achou que escrever uma música (era também compositor) seria boa opção. Melhor ainda só se convidasse o amigo Luiz Gonzaga para cantar.
E foi assim, na voz do rei do baião, que "Obrigado, João Paulo" chegou aos ouvidos do então líder da Igreja Católica.
O religioso cearense, no entanto, não ficou conhecido só pela canção. Foi um dos escolhidos para acompanhar João Paulo, pois tinha vivido sete anos em Roma, onde se doutorou em ciências sociais.
Mesmo do outro lado do oceano, conseguia reunir a família --só que ao redor do rádio, às 8h, horário de Brasília. Apresentava todos os dias, na emissora do Vaticano, um programa para brasileiros.
A simpatia de padre Gotardo conquistou 25 países e a torcida do Ceará. Não perdia um evento no clube, quando sempre rezava a missa, nem os jogos no Castelão --tinha um lugar sagrado na torcida.
Os problemas de saúde causados pela diabetes não o impediram de participar das festividades do centenário de seu time, comemorado no ano passado. Conta-se que foi tão ou mais ovacionado que o próprio aniversariante.
Também fez amigos e ganhou admiradores no extinto colégio Juventus, onde foi diretor por 44 anos, e na UFC (Universidade Federal do Ceará) e na Uece (estadual), como professor de sociologia.
Morreu na quinta (5), aos 86 anos. Deixa três irmãos e sobrinhos. Não podia ser enterrado de outra forma: com a bandeira e a camisa do Ceará sobre o caixão".
(Compilado da Folha de SP)
Era um padre filósofo.
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